OPEP: Organização revisa projeção e aumenta para três vezes o crescimento global / REUTERS/Leonhard Foeger (Leonhard Foeger/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 12h08.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirma, em relatório mensal publicado nesta terça-feira, 13, que sua projeção para o crescimento na demanda global pela commodity seguiu em 2,5 milhões de barris por dia (bpd) para 2022. Para o ano seguinte, ela continua em 2,2 milhões de bpd.
No ano atual, a demanda por petróleo foi revisada para cima no terceiro trimestre, puxada pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas revista para baixo no quarto trimestre, diante de desaceleração fora da OCDE e da atividade industrial fraca da China.
Para 2023, a expectativa é de crescimento de 300 bpd na demanda da OCDE e de 1,9 milhão de bpd fora desse grupo, mas a Opep ressalta que a projeção está sujeita a "muitas incertezas" no quadro atual, por fatores como as medidas para conter a covid-19 sobretudo na China, e "as tensões geopolíticas em andamento", com a guerra da Rússia na Ucrânia.
Demanda pelo petróleo do grupo
A demanda pelo petróleo da Opep no ano atual foi mantida em relação ao mês anterior, em 28,6 milhões de barris por dia, afirma a entidade. O resultado representa um crescimento de cerca de 500 mil bpd em relação ao nível de 2021, compara.
A Opep ainda informa que o crescimento na demanda pelo seu petróleo em 2023 também foi mantido, a 29,2 milhões de bpd, ou seja, um crescimento de 600 mil bpd ante o esperado para o ano atual.
Já do lado da oferta, a Opep diz que o crescimento neste ano dos países que estão fora do cartel será de 1,9 milhão de bpd, praticamente em linha com o apontado no mês anterior.
Os principais impulsionadores desse aumento são EUA, Canadá, Guiana, Rússia, China e Brasil, enquanto na Noruega e na Tailândia deve haver recuo na produção.
Para 2023, a previsão é que o crescimento na produção de fora da Opep de 1,5 milhão de bpd, com o avanço puxado por EUA, Noruega, Brasil, Canadá, Casaquistão e Guiana, mas queda na produção na Rússia e no México.
A Opep vê, ainda, grande incerteza sobre o quadro geopolítico no Leste Europeu, bem como em relação ao potencial de produção de xisto nos EUA em 2023.
A organização afirma também que a economia global continuou em sua trajetória de recuperação em boa parte de 2022, mas com níveis variados entre as regiões e com "uma desaceleração notável mais para o fim do ano".
A zona do euro teve crescimento inesperado no primeiro semestre do ano atual, antes de desacelerar no semestre atual, com a inflação mais alta e o consequente aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE), bem como temores de uma crise de energia, diz a Opep.
A economia dos EUA, por sua vez, enfrentou "desafios" no primeiro semestre, mas se recupera no atual, apoiada pelo consumo saudável.
Já na China, a política rígida contra a covid-19 conteve o crescimento em 2022. Na Índia, o crescimento foi forte no primeiro semestre, mas desacelerou um pouco no terceiro trimestre, em quadro de inflação elevada. Para 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) global deve crescer 2,8%, prevê a Opep.
Para 2023, o cartel espera que o crescimento global seja de 2 5%. O relaxamento de políticas rígidas contra a covid-19 na China e a resolução de tensões geopolíticas no Leste Europeu poderiam ajudar, diz a Opep.
O Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prevê que o Brasil eleve sua produção de líquidos, que inclui biocombustíveis, em 100 mil barris por dia (bpd), para 3,7 milhões de bpd, segundo relatório mensal divulgado nesta terça-feira. Para 2023, a previsão também é de crescimento, de 200 mil bpd, para 3,9 milhões de bpd.
De acordo com o cartel, o crescimento deste ano é devido à produção acima do esperado em outubro. Já em 2023, a oferta de petróleo bruto deve aumentar através da produção nos campos de Mero (Libra NW), Búzios (Franco), Tupi (Lula), Peregrino, Sépia, Marlim e Itapu (Florim).
"No entanto, espera-se que a manutenção offshore cause interrupções nos principais campos", pondera a organização.
No relatório, a Opep elevou sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022, de 1,5% a 2,4%. Já para o ano que vem, em 2023, a projeção foi mantida: crescimento de 1,0%. As informações estão no relatório mensal do cartel, divulgado há pouco.
De acordo com a instituição, o Brasil se recuperou fortemente. "Durante a maior parte de 2022, a atividade econômica do Brasil surpreendeu positivamente, apoiada em parte por medidas fiscais pré-eleitorais combinadas com preços mais altos das commodities."
No entanto, o cartel pondera que, com base em indicadores econômicos recentes, a tendência econômica ascendente pode começar a desacelerar.
Para a Opep, o ano de 2023 será marcado por mudanças econômicas e políticas decorrentes da mudança "para um governo, que prometeu gastos sociais significativamente maiores". "O ceticismo em torno da política e das condições fiscais de curto prazo também gera incertezas significativas para os investidores e afeta os mercados de ativos", argumenta.
Assim, a Opep acredita que o crescimento potencial no próximo ano pode vir na forma de inflação mais lenta, política monetária mais frouxa, condições de mercado de ativos mais fortes e confiança empresarial otimista. Porém, "as preocupações com gastos mais pesados, que podem levar a uma política monetária mais restritiva, pode pesar sobre as perspectivas de investimento privado e manter as taxas de crescimento do Brasil abaixo dessas expectativas", pondera.
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