Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni 03/01/2019 REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de março de 2019 às 16h17.
Brasília —O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu que reconhece "algum mérito" no governo do ditador chileno Augusto Pinochet e voltou a afirmar que ele "teve que dar um banho de sangue" para adotar medidas macroeconômicas no país. O comentário, feito à Rádio Gaúcha, ocorre no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro fará visita oficial ao Chile. Declaração semelhante foi feita por Onyx em entrevista ao Broadcast Político, no início da semana, para defender a proposta da reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro.
"O Chile lá atrás teve que dar banho de sangue para mudar princípios macroeconômicos. Já passaram oito governos de esquerda no Chile e nenhum tocou nisso. Graças a Deus no Brasil e, infelizmente na parte pessoal, o único sangue derramado foi o do capitão Jair Bolsonaro", disse o ministro ao Broadcast Político, em referência ao atentado sofrido pelo presidente na campanha eleitoral.
"É uma coisa curiosa até do ponto de vista histórico. No Chile uma coisa sangrenta, e o Chile se rearrumou. No Brasil foi o dele, e graças a deus ele está aí firme e forte. Mas a gente está propondo caminho muito similar ao do Chile (em relação ao modelo previdenciário), e melhor", afirmou Onyx no início da semana. "O Chile também teve lá seus problemas porque fundo de capitalização sempre é coisa complicada, de vez em quando aparece um espertalhão", afirmou Onyx no início da semana.
Na rádio Gaúcha, ele repetiu o raciocínio e foi alvo de críticas dos ouvintes. Ao final, questionado sobre o que quis dizer com a declaração e ciente da repercussão, classificou a ditadura como uma "revolução sangrenta" e disse que, provavelmente, "a turma da esquerda se incomodou" por ele ter reconhecido "algum mérito no governo Pinochet". "E no Brasil, que o presidente teve de dar seu sangue? Ninguém ficou revoltado?", questionou.
No Chile, Bolsonaro terá dois objetivos principais: estreitar relações com a cúpula presidencial para a integração sul-americana, e eventual criação de um novo fórum para desenvolvimento, o chamado Prosul, e intensificar a agenda bilateral com o país, segundo maior parceiro comercial do Brasil.