Economia

Oferta de etanol no país pode dobrar até 2030 com investimento e RenovaBio

Para fazer as projeções, a EPE considerou um cenário de crescimento econômico de 2,5 a 3 por cento ao ano até 2030

Etanol: aumento na oferta para próximos anos leva em conta a produção de etanol de primeira e segunda gerações e álcool feito a partir do milho (Marcos Santos/Agência USP)

Etanol: aumento na oferta para próximos anos leva em conta a produção de etanol de primeira e segunda gerações e álcool feito a partir do milho (Marcos Santos/Agência USP)

R

Reuters

Publicado em 11 de julho de 2018 às 16h06.

Rio de Janeiro - A capacidade de oferta de etanol no Brasil pode dobrar até 2030, impulsionada pela ampliação de investimentos no setor e pela entrada em vigor do RenovaBio, um programa do governo para descarbonizar o mercado nacional de combustíveis, mostra um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) repassado à Reuters.

Na pesquisa, a EPE analisou três cenários para a oferta de etanol no Brasil nos próximos 12 anos: baixa, média e alta.

O horizonte mais otimista prevê uma elevação na capacidade de oferta para 54 bilhões de litros de etanol em 2030, de cerca de 27 bilhões atualmente.

No cenário de oferta média, o volume seria de 49 bilhões de litros, enquanto na perspectiva mais conservadora, de 43 bilhões de litros.

"A evolução do RenovaBio vai ser determinante para definir qual cenário se concretizará para o setor sucroenergético brasileiro", disse à Reuters o diretor da área de petróleo, gás e biocombustíveis da EPE, José Mauro Coelho.

Para fazer as projeções, a EPE considerou um cenário de crescimento econômico de 2,5 a 3 por cento ao ano até 2030.

"Se o RenovaBio for mais exitoso, o país vai atender a demanda carburante com mais etanol; se for menos exitoso, teremos uma oferta sucroenergética menor, atendendo o mercado com mais gasolina e menos etanol", acrescentou.

O levantamento da EPE leva em consideração a manutenção da política de paridade de preços para os derivados do petróleo, em especial para a gasolina, concorrente direto do etanol. Em anos anteriores, com o "congelamento" de preços do combustível fóssil, o álcool tornou-se menos competitivo, e sua expansão no mercado doméstico foi comprometida.

Se o cenário mais otimista se confirmar, aponta o estudo da EPE, o consumo de gasolina no país poderá ser ligeiramente menor frente o atual. As projeções de demanda para o produto oscilam entre 31 bilhões e 38 bilhões de litros em 2030, ante aproximadamente 32,5 bilhões no ano passado.

Recentemente, a consultoria especializada Datagro disse que, até 2028, o mercado de etanol combustível do Brasil deve passar de 26,7 bilhões de litros para 47,1 bilhões de litros, graças ao estímulo do RenovaBio.

"Factível"

O diretor da EPE considera a previsão de dobrar a capacidade de oferta de etanol no país "viável e factível", tendo em vista que o crescimento médio anual até 2030 seria de 4,8 por cento, ao passo que no último ciclo de expansão da produção, de 2003, com o advento dos veículos flex, até 2015, a alta ao ano foi de 11 por cento.

"É um cenário desafiador, mas perfeitamente possível. Crescer cerca de 5 por cento para quem já cresceu 11 por cento, mostra que é factível."

O aumento na oferta para os próximos anos previsto pela EPE leva em conta a produção de etanol de primeira e segunda gerações e álcool feito a partir do milho. O estudo aponta que o etanol feito de milho pode alcançar uma produção de até 3,4 bilhões de litros em 2030, ao passo que a oferta de etanol de segunda geração, produzido a partir da biomassa de cana, pode chegar a 2 bilhões de litros.

"O etanol de milho veio para ficar, especialmente no Centro-Oeste do país. As usinas flex, usando milho e cana, devem se expandir no Brasil. É uma vantagem para o produtor, porque as safras de milho e cana são em períodos diferentes, o que dá um ganho de produtividade", disse Coelho.

Segundo a EPE, para o país conseguir dobrar a oferta de etanol até 2030 devem entrar em operação 26 novas usinas de produção de etanol de cana. "Isso tudo vai estimular investimentos na cadeia, com infraestrutura, escoamento, logística e outros fatores que levam a um ciclo virtuoso que dinamiza a economia", afirmou Coelho.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) propôs no mês passado, no âmbito do RenovaBio, uma redução de 10 por cento nas emissões de carbono pela matriz de combustíveis do Brasil até 2028, em um passo necessário para a regulamentação da política nacional de biocombustíveis.

A meta deliberada pelo CNPE foi encaminhada para aprovação presidencial e representaria a retirada de 600 milhões de toneladas de carbono da atmosfera nos próximos dez anos, com a maior utilização de biocombustíveis.

Atualmente, o diesel contém 10 por cento de biodiesel.

 

Acompanhe tudo sobre:BiocombustíveisCombustíveisEtanol

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor