Economia

Octávio de Barros: “Crises cansam e dinheiro quer trabalhar”

Bradesco prevê que o investimento direto estrangeiro será de 60 bilhões de dólares no Brasil em 2012 (mas poderá ser maior)

Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco: “Crises cansam e o dinheiro quer trabalhar” (Folha Imagem)

Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco: “Crises cansam e o dinheiro quer trabalhar” (Folha Imagem)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2012 às 18h05.

São Paulo – “Estamos em um momento de cansaço da crise. Crises cansam e o dinheiro quer trabalhar”, afirmou Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. Nesse contexto, o economista destacou a indústria de private equity e afirmou que o Brasil pode se beneficiar da “penúria das economias maduras”.

“A indústria de private equity no mundo está bombando nesse momento. Em tese, investir em ativos reais é o que há de mais interessante no mundo”, disse Octávio de Barros. Para o economista, se houver uma pequena melhora no cenário global, é possível que ocorra uma certa corrida por parte dos investidores.

Octávio de Barros ressaltou que no mundo de hoje, ninguém quer fluxo de capital. Os países maduros querem que o dinheiro permaneça em “casa” e os países emergentes, por sua vez, são contra a avalanche de fluxo de capital porque valoriza suas moedas. O movimento do Brasil contra os fluxos se antecipa aos riscos de novos “tsunamis monetários”, segundo Octávio de Barros.

O economista destacou que, enquanto os países estão assim, os investidores estão aflitos com as taxas de juros reais negativas nas economias maduras e caminhando para o negativo nos emergentes. “É um momento único em que os investidores estão tão inseguros sobre o que vai acontecer no mundo que são capazes de comprar títulos do governo da suíça, por exemplo, e aceitar taxas nominais negativas para daqui a dois anos”, exemplificou Octávio de Barros.

“O fluxo de capital que foi atraído por arbitragem e diferencial de taxas de juros ainda vê oportunidades no Brasil, mas essas taxas vão caindo”, disse o economista. O mercado projeta que o Banco Central vai reduzir a Selic, a taxa básica de juros, para 7,50% no final desse mês – atualmente a taxa é de 8%.

Octávio de Barros destaca que o Brasil já ganhou dois prêmios na loteria: o primeiro com o boom de commodities e o segundo, agora, dado pela crise. “O cenário mundial adverso permite que o Brasil finalmente converta sua taxa de juros mais rapidamente para a praticada nos países emergentes normais”, disse o economista.


O Bradesco prevê que o investimento direto estrangeiro será de 60 bilhões de dólares no Brasil em 2012, ou até maior. Octávio de Barros destacou que a participação relativa de investidores europeus vem aumentando.

Câmbio

As autoridades conquistaram território na área do câmbio, segundo o economista, da mesma forma que conquistaram na área de juros. “A impressão é que dificilmente nossa taxa de câmbio terá uma apreciação”, afirmou.

Entre agosto de 2011 e agora o real já se depreciou 27%, segundo Octávio de Barros, mas o Brasil continua caro, como mostrou a última divulgação do índice Big Mac da revista The Economist. “Temos implicações muito grandes na economia brasileira – e serão positivas”, disse. Para o economista, é natural que o Brasil ingresse em uma fase nova.

PIB

Para Octávio de Barros, nesse ano o Brasil deve crescer o que o cenário vai permitir. “Temos problemas específicos. Tivemos uma série de dificuldades adicionais, da Argentina, da seca. São acidentes, que nos tiraram entre 0,8% e 1% de PIB esse ano”, afirmou.

A estimativa do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2012 sofreu seguidas baixas até consolidar-se na previsão de uma elevação de 1,9% do PIB, segundo os últimos boletins Focus divulgados pelo Banco Central. O governo mantém a expectativa de crescimento de 3%.

Octávio de Barros participou hoje do seminário “O Brasil em meio às transformações do cenário internacional”, realizado em São Paulo.

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