Economia

OCDE alerta para produtividade estagnada no país

Segundo a organização, esse é um dos principais fatores que colaboram para que a atividade não consiga retomar a força no país


	Infraestrutura: a competitividade no Brasil pode estar sendo restringida por gargalos em recursos humanos qualificados e na infraestrutura
 (Nacho Doce/Reuters)

Infraestrutura: a competitividade no Brasil pode estar sendo restringida por gargalos em recursos humanos qualificados e na infraestrutura (Nacho Doce/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 09h59.

São Paulo - Mesmo com o crescimento econômico robusto dos anos 2000, a produtividade brasileira praticamente se estagnou na última década e esse é um dos principais fatores que colaboram para que a atividade não consiga retomar a força no País, avalia o estudo Perspectivas para o Desenvolvimento Global, divulgado no início do mês pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O estudo tem um capítulo inteiro dedicado ao países do Briics (Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul), no qual os autores afirmam que a produtividade da mão-de-obra e a produtividade total dos fatores (PTF) - que refletem o quanto a economia produz com a mesma quantidade de capital e horas trabalhadas - ainda estão abaixo daquelas dos países desenvolvidos.

Todos os países do Briics têm níveis de produtividade de cerca de 10% ou menos que nos EUA. No Brasil, esse porcentual caiu de 12,1% em 2000 para 11,1% em 2008, sendo 7,4% no setor manufatureiro e 11,8% em serviços.

A análise aponta que o boom nos preços das commodities nos últimos anos pode ser um lado ruim. Apesar de ter estimulado o crescimento, acabou fazendo com que o País se concentrasse na exportação de matérias-primas, reduzindo a diversificação das vendas externas.

Apesar de o Briics ter aumentado as importações de bens de capital, isso não se traduziu em todos os países em exportações mais fortes de produtos com maior valor agregado.

É o caso brasileiro, que investiu esse conhecimento adquirido de fontes externas em processos para aprimorar principalmente a extração de recursos naturais.

Além disso, aumentou a fatia das importações de bens de consumo, o que ilustra que o crescimento desses países na última década tem sido basicamente motivado pelo consumo.

"Para o forte crescimento observado pelo Brasil na última década ser sustentável, é preciso um crescimento mais forte da produtividade e uma acumulação de capital mais rápida", diz a OCDE.

O estudo aponta que o Brasil tem um setor manufatureiro bem diversificado. Entretanto, a competitividade internacional impede que diversos segmentos se tornem motores de crescimento.

O estudo aponta que a melhora geral na produtividade tem sido muito pequena para compensar os significativos aumentos salariais decorrentes de um mercado de trabalho apertado e a escassez de mão-de-obra qualificada.

Além disso, a competitividade no Brasil pode estar sendo restringida por gargalos em recursos humanos qualificados e na infraestrutura, além de altos custos administrativos e a proteção de indústrias locais.

Desafios

Para elevar a produtividade, o Brasil tem vários desafios. Além de melhorar o nível da educação, a OCDE cita também o aprimoramento na infraestrutura de portos, aeroportos e rodovias.

"Embora o Programa de Aceleração do Crescimento tenha levado a um aumento dos investimentos, especialmente em rodovias, muitos projetos continuam inacabados devido a problemas de financiamento ou atrasos em razão de dificuldades no planejamento", diz o estudo.

A burocracia também é alta comparada com os padrões internacionais, com o Brasil ficando atrás de países como Chile, México, Colômbia, Rússia, China e África do Sul em rankings elaborados pela OCDE e também pelo Banco Mundial.

Outro fator que restringe a produtividade é a elevada carga tributária, que consome quase 70% dos lucros das empresas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraOCDEPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor