O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama: "O que eu não farei é ter essa negociação com uma arma apontada para a cabeça do povo norte-americano", afirmou, referindo-se às conversas sobre o limite da dívida dos EUA (Brendan Smialowski/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2013 às 17h36.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rejeitou nesta segunda-feira qualquer negociação com republicanos sobre a questão fiscal mais urgente no país, recusando-se a trocar cortes nos gastos do governo pelo aumento do limite da dívida do país.
"Se a meta é garantir que sejamos reponsáveis em relação à nossa dívida e nosso déficit --se essa é a conversa que estamos tendo, estou feliz em tê-la", disse Obama. "O que eu não farei é ter essa negociação com uma arma apontada para a cabeça do povo norte-americano", disse ele em coletiva de imprensa.
Líderes republicanos rapidamente reiteraram sua exigência de que a elevação do teto da dívida precisa ser acompanhada por cortes de gastos.
Com um acordo para evitar o chamado abismo fiscal de acentuados cortes de gastos e altas de impostos há pouco mais de duas semanas, Obama enfrenta outra disputa fiscal com parlamentares republicanos.
Um trio de prazos paira em torno do final de fevereiro: a necessidade de aumentar o teto da dívida, fortes cortes de despesas temporariamente adiados no acordo sobre o abismo fiscal e o fim de uma medida de financiamento do governo.
Os EUA podem entrar em default em sua dívida se o limite de endividamento não for elevado.
Alguns republicanos disseram que estariam dispostos a permitir um default de dívida norte-americana ou uma desativação do governo para forçar o gabinete de Obama a aceitar cortes de gastos mais profundos do que gostaria a Casa Branca.
Obama disse que gostaria de discutir medidas para reduzir o déficit orçamentário dos EUA, mas deixou claro que quer manter essa discussão separada do aumento do teto da dívida. Ele sustentou sua posição de que a redução do déficit deve incluir medidas para elevar receitas e não depender apenas de cortes de gastos.
Republicanos rejeitaram esse enfoque, afirmando que o acordo sobre o abismo fiscal, que aumentou os impostos para os mais ricos e manteve baixos os tributos que incorrem sobre a maior parte dos norte-americanos, deveria ter encerrado as discussões sobre os aumentos de impostos.
Obama precisa "levar a sério gastos e o teto da dívida oferece um momento perfeito para isso", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, em comunicado momentos após Obama concluir a coletiva de imprensa.
O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, disse: "o povo norte-americano não apoia o aumento do teto da dívida sem reduzir os gastos do governo ao mesmo tempo".
Se o Congresso não for capaz de elevar o limite de endividamento norte-americano, o Tesouro não será capaz de tomar emprestado dinheiro para cobrir gastos obrigatórios do governo, levando a um default que danificaria o crédito norte-americano e teria amplas repercussões nos mercados financeiros em todo o mundo.
Amplas discussões sobre o aumento do teto da dívida em 2011 levaram a nação próxima a um default e resultaram em um rebaixamento na classificação de risco da maior economia mundial e desordem nos mercados financeiros que desaceleraram a recuperação econômica.
Questões fiscais serviram de pano de fundo para a última coletiva de imprensa do primeiro mandato de Obama, realizada uma semana antes de uma cerimônia de inauguração de gala que lançará seus próximos quatro anos. Disputas com o Congresso sobre impostos e gastos ofuscaram boa parte de sua agenda doméstica nos últimos dois anos, com o presidente enfrentando impasses legislativos que mostram poucos sinais de serem passageiros.
Obama levantou a possibilidade de um obstáculo severo à economia dos EUA se parlamentares republicanos persistirem com a ameaça de um default de dívida.
"Seria uma ferida provocada por nós mesmos à economia", disse ele. "Mesmo considerando a ideia de que isso aconteça, os EUA não pagarem suas contas, é irresponsável. É absurdo".