Economia

O 'sonho americano' cada vez mais longe da população pobre

"O sonho americano atravessa um mau momento", resume um analista; tema deve ser central na eleição presidencial

Obama: falou sobre o 'sonho americano' durante seu discurso sobre o estado da União (Getty Images)

Obama: falou sobre o 'sonho americano' durante seu discurso sobre o estado da União (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 17h27.

Washington - O "sonho americano", o centro da agenda de toda eleição presidencial nos Estados Unidos, se encontra longe da realidade de muitos cidadãos do país há anos e tem sido ainda mais ofuscado pelo cenário atual de ampliação das desigualdades entre ricos e pobres.

Ao realizar nesta terça-feira o tradicional discurso sobre o estado da União, o presidente americano Barack Obama se pronunciou ante o Congresso pedindo justiça social e um imposto mínimo de 30% sobre a renda dos mais ricos, que nos últimos anos tiveram seus impostos reduzidos.

"O sonho americano atravessa um mau momento", explicou David Madland, diretor do American Worker Project da consultoria Center for Americain Progress.

Com a prosperidade do pós-guerra, o mito do sonho americano pregava que qualquer um que trabalhasse duro poderia chegar à classe média, com uma casa e ao menos um automóvel por família.

Contudo, um estudo intitulado "A mobilidade econômica: o sonho americano sempre funciona?" mostra que a renda líquida dos mais pobres (um quinto da população dos Estados Unidos) aumentou apenas 9% entre 1979 e 2004. Ao mesmo tempo, a renda dos mais ricos subiu 69%, com alta de 176% na renda dos 1% mais ricos.

A diferença é a ainda mais gritante quando se comparada ao aumento da renda dos patrões com a de seus empregados: este estudo, realizado pelo Brookings Institution e Pew Charitable Trust, demonstra que entre 1978 e 2005, a renda dos dirigentes se multiplicaram por 35, para alcançar 262 vezes mais que a média dos assalariados.

Estas desigualdades foram denunciadas pelos manifestantes anti Wall Street, que desde setembro passado se disseminaram por todo o país.

Erin Currier, do grupo de pesquisas Pew Economic Mobility Proyect, disse que a emergência do movimento anticapitalista convenceu o presidente Obama de trabalhar com uma mensagem de maior equidade.

"Os americanos agora sabem que papel deve ser realizado pelo governo e vão manter a pressão sobre ele", disse.

Nesse contexto, a publicação de terça-feira da declaração de impostos de Mitt Romney, candidato à investigação republicana para a Casa Branca, teve um efeito ruim: o multimilionário revelou ter pago apenas 13,9% de impostos sobre sua renda em 2010, quando a taxa máxima para os assalariados chega a 35%.

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