Michel Temer: governo quer foco na reforma da Previdência (Ueslei Marcelino/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de maio de 2017 às 06h00.
Última atualização em 12 de maio de 2017 às 19h20.
São Paulo - A surpresa negativa: o ritmo de recuperação econômica. A surpresa positiva: a queda acentuada da inflação.
É esse o diagnóstico da curva de expectativas econômicas após um ano de Michel Temer na Presidência.
A conclusão é da análise de um ano de Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com a mediana das previsões de mais de 100 economistas e instituições.
Os gráficos feitos por EXAME.com trazem a evolução das previsões ao longo de 10 momentos do período.
Quando 2016 acaba, as projeções para aquele ano se encerram e passam então a contemplar 2018.
Pesam fatores não só do cenário doméstico mas também de choques internacionais como a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (23 de junho) e a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos (8 de novembro).
Veja o que pensam 4 economistas e os 4 infográficos de expectativas: PIB, inflação, juros e dólar.
Em um primeiro momento após o impeachment, a reação do mercado foi esperar uma recessão mais branda em 2016 com recuperação mais rápida em 2017.
Entre meados de maio e o início de julho, houve melhora de meio ponto percentual nas previsões para 2016 e 2017 na medida em que ficava clara a orientação reformista do novo governo.
Mas as previsões voltaram a cair nos últimos meses do ano, após choques internacionais, lentidão na agenda, divulgação de dados fracos e turbulências políticas.
O PIB acabou fechando 2016 com queda de 3,6% e a previsão para 2017 está relativamente estável em cerca de 0,5% desde que o ano começou.
O IPCA em 2015 chegou a 10,67%, o mais alto desde 2002. Parte disso era o reajuste de preços administrados, com hora para acabar, mas ainda assim o mercado começou 2016 esperando taxa acima do teto da meta.
Mas com mais credibilidade na gestão fiscal e monetária somada com agravamento do desemprego e da queda da renda, as expectativas caíram e a taxa acabou fechando o ano na ponta do teto de 6,5%.
Quando 2017 começou, o mercado esperava um ano de inflação quase na meta. Mas com os números baixos que vêm sido divulgados, a expectativa agora é de 4,01% neste ano e 4,39% no ano que vem.
Logo após a entrada de Temer e o anúncio de Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central, aumentou a aposta de uma política monetária mais restritiva (juros mais altos) no curto prazo.
Com a aprovação do teto de gastos atrelado à inflação e um ritmo lento de corte de juros, as expectativas futuras de preços foram sendo lentamente ancoradas em um patamar mais baixo.
Agora, a curva futura de juros está em trajetória descendente e há quem fale na "oportunidade de ouro" de uma Selic estruturalmente mais baixa no longo prazo.
Prever o câmbio é uma das tarefas mais difíceis para os economistas, mas algumas tendências são claras.
As perspectivas de juros mais altos e de queda do risco-país derrubaram a expectativa do real nos primeiros meses, que sofrem um susto com a eleição de Trump em novembro.
Depois, voltam a cair na medida que esse efeito é diluído e o governo acelera a aprovação de reformas. Nesta última quinta-feira (11), o dólar fechou em R$ 3,14.