Economia

O que dá mais retorno: investir em ações ou imóveis?

Um time de economistas fez um banco de dados com o retorno anual de 4 investimentos entre 1870 e 2015 em 16 economias hoje ricas; veja o resultado

Balança: retorno dos investimentos no longo prazo pode surpreender (vadimguzhva/Thinkstock)

Balança: retorno dos investimentos no longo prazo pode surpreender (vadimguzhva/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2018 às 06h00.

São Paulo - Imagine que você está em 1870 e precisa escolher em onde investir para que sua família seja o mais rica possível em 2015.

Qual seria a melhor escolha? Imóveis residenciais, de acordo com um estudo monumental publicado recentemente.

Um time de economistas construiu um banco de dados com o retorno anual de investimentos entre 1870 e 2015 em 16 países hoje ricos.

São eles Austrália, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.

Os investimentos analisados foram ações, moradia e dois tipos de garantias governamentais: Letras do Tesouro (prazo curto e rendimento fixado) e Títulos do Tesouro (prazo longo e rendimento variável).

O retorno anual sobre moradia calculado no período ficou pouco acima dos 7%, enquanto o de ações ficou um pouco abaixo dos 7%, sempre com ajuste pela inflação. Ou seja: muito similares - mas com uma diferença essencial.

O desvio-padrão histórico, que mede o risco do investimento, foi quase o dobro nas ações do que em moradia. Por dar um pouco mais de resultado e com muito menos risco, moradia seria a melhor pedida.

"Já que os preços agregados de ações estão sujeitos a variações longas e prolongadas, um investidor teria que segurar o seu portfólio por mais tempo para garantir uma taxa de retorno real. Já os retornos sobre moradia, ao contrário, são mais estáveis, porque as variações nos preços nacionais são menos pronunciadas", diz o texto.

O retorno real dos outros títulos analisados perde de longe, com resultado persistentemente baixo (ou até mesmo negativo) no período.

E uma olhada mais cuidadosa nos dados permite concluir que este resultado não foi distorcido por eventos incomuns antes da Segunda Guerra Mundial ou pelos números dos países menores.

Há, claro, diferenças grandes entre os países. Aqueles que passaram por grandes choques políticos, como Espanha e Portugal, mostram um mercado de ações com retornos menores. Também é o caso da França.

Já o retorno do investimento em moradia foi excepcionalmente mais alto, na média, nos países nórdicos como Suécia e Noruega, e mais baixo na Itália e na Espanha.

O estudo não considerou os impostos pois analisá-los ao longo de tanto tempo seria complexo demais, apesar deles terem efeito óbvio sobre os rendimentos.

Os autores do estudo, publicado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, foram Moritz Schularick e Dmitry Kuvshinov, da Universidade de Bonn na Alemanha, Katharina Knoll, do banco central alemão, Òscar Jordà, do Fed de São Francisco, e Alan M. Taylor, da Universidade da Califórnia.

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