Economia

O que ajuda e o que atrapalha a competitividade do Brasil

Economia em alta leva país para cima, mas desafios ainda persistem

Bandeira do Brasil (Getty Images)

Bandeira do Brasil (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2012 às 17h49.

São Paulo – Embora tenha figurado em 48º lugar no ranking de competitividade global, divulgado nesta manhã pelo Fórum Econômico Mundial, o desempenho do Brasil em relação a outros países mostrou melhora com esse resultado, cinco posições acima da colocação alcançada no relatório do ano passado.

Na comparação com outros países, dois fatores principais ajudam a entender essa melhora, conforme explica Erik Camarano, diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), que ao lado da Fundação Dom Cabral coordenou a pesquisa no Brasil.

O primeiro é uma mudança na metodologia. “Para melhorar a precisão, o Fórum Econômico Mundial faz algumas mudanças no estudo. Neste ano, ele deixou de considerar o spread bancário, algo que sempre prejudicou o Brasil”, explicou.

Na opinião de Camarano, outro ponto importante é o crescimento da economia interna. Embora a expansão esteja acontecendo em menor ritmo, ela continua, enquanto a crise financeira mantém a economia de outros países estagnada ou em contração.

Brasil x Brasil

Outro dado importante que o ranking traz é a nota individual de cada país, que varia até 7. Por esse ângulo, é possível avaliar melhor o avanço individual de cada país, sem comparar com outros.

Nesse sentido, o estudo deste ano apresentou resultados positivos, avaliou Camarano. Em 2010, o Brasil tirou nota 4,24, que passou para 4,32 em 2011 e subiu para 4,40 no estudo atual. “Estamos conseguindo um crescimento consistente nas notas”, disse o diretor-presidente do MBC.

O Brasil ainda tem espaço para crescer no ranking. Os recentes anúncios do governo para melhorias na infraestrutura e as novas mudanças que estão por vir em portos e aeroportos ainda não foram captadas nessa pesquisa, já que são esforços que começaram a acontecer a partir da segunda metade deste ano, fora do período de entrevistas.


Esses são alguns dos fatores que indicam que o Brasil ainda tem condições de continuar melhorando sua nota. “A discussão agora é em que velocidade”, diz Camarano, do MBC.

Desafios

No estudo do Fórum Econômico Mundial, os países podem ser classificados como sendo de três “tipos”. No primeiro tipo de país, estão as nações que precisam cumprir critérios básicos (instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária) para melhorar sua competitividade.

No segundo grupo, estão países que têm boas notas nos critérios básicos, mas precisam crescer em eficiência (educação superior e cursos profissionalizantes ou técnicos, eficiência de mercado, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica e tamanho do mercado). O terceiro e último grupo é o da inovação e sofisticação nos negócios.

Traduzindo: quanto melhores as notas dos países nos grupos um e dois, mais condições eles têm de desenvolver bem o terceiro critério e subir na lista quando o assunto é competitividade.

Como explica Camarano, do Movimento Brasil Competitivo, o Brasil está entre o segundo e terceiro grupo e passar para o terceiro é um dos desafios.

Ainda sobre questões “a melhorar”, a pesquisa apontou os fatores mais problemáticos na opinião de empresários na hora de fazer negócios no Brasil. Em primeiro lugar ficou a complexidade do sistema tributário brasileiro, apontada em 18,7% das respostas.

Confira os 10 principais desafios de se fazer negócios no Brasil, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial:

Critério Percentual nas respostas
Regras tributárias 18,70%
Infraestrutura inadequada 17,50%
Valor dos impostos 17,20%
Burocracia 11,10%
Leis trabalhistas restritivas 10,10%
Falta de mão de obra qualificada 7,40%
Corrupção 6%
Acesso a financiamentos 3,90%
Regras cambiais 2,10%
Capacidade de inovação insuficiente 1,80%

> Confira também: Por que esses são os cinco países mais competitivos do mundo?

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