Coronavírus: o novo vírus já infectou mais quase 20 mil pessoas só na China (Stephanie Keith/Bloomberg)
AFP
Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 16h36.
Dado o peso da China na economia global, tanto como mercado quanto como polo industrial, a epidemia de coronavírus já afeta multinacionais em todo o mundo.
O vírus está causando uma epidemia na China e já se espalhou por ao menos 20 outros países. No país asiático já foram confirmadas 490 mortes e quase 20 mil infectados. Um estudo que analisou dados coletados do início da epidemia até o dia 25 de janeiro deste ano aponta que o novo coronavírus pode ter contaminado 75.815 pessoas. No Brasil, o ministério da Saúde monitora 11 casos suspeitos.
Abaixo, a situação dos setores mais afetados:
Esse setor sofre o impacto da quarentena imposta a dezenas de cidades na China e com a proibição de viagens organizadas de chineses ao exterior para tentar conter a epidemia.
Alguns países também desencorajam seus cidadãos de irem para a China, enquanto outros suspenderam os voos desse país.
Várias companhias aéreas, incluindo Air France, British Airways, Air Canada, Lufthansa e Delta, suspenderam seus voos para a China continental. Sediada em Hong Kong, a Cathay Pacific tem sofrido um impacto particular. Nesta quarta-feira, pediu a seus 27.000 funcionários que tirassem três semanas de férias sem remuneração.
Populares entre os jogadores chineses, os cassinos de Macau estão fechados, assim como os parques da Disney em Xangai e em Hong Kong.
As lojas de departamento parisienses, escalas certas para os turistas chineses, estão extraordinariamente calmas. A indústria do turismo na Itália teme, por sua vez, uma perda anual de 4,5 bilhões de euros, de acordo com o laboratório de ideias Demoskopika.
Quanto aos cruzeiros, a MSC Cruises, a Costa Croisièrese a Royal Caribbean pediram que seus navios não parassem na China.
Finalmente, os cinemas chineses tiveram de fechar, enquanto as festividades do Ano Novo chinês foram fracas. Segundo vários especialistas, o déficit da Imax Corp, com sede no Canadá, é estimado entre US$ 60 milhões e US$ 200 milhões.
As fábricas chinesas da gigante taiwanesa Foxconn permanecerão fechadas até meados de fevereiro. Alguns funcionários ficarão em casa por mais 14 dias, para permitir que o período de incubação do vírus passe.
Existe o risco de uma reação em cascata entre os fabricantes de smartphones, telas planas e computadores, todos clientes da Foxconn. A Apple diz que está trabalhando em "planos de contenção" para compensar a queda na produção de seus fornecedores chineses.
A sul-coreana LG Electronics cancelou sua participação no Mobile World Congress, o maior salão de smartphones do mundo. Já a Huawei ainda não decidiu se participará do salão de Barcelona, que acontece de 24 a 27 de fevereiro.
Epicentro da epidemia, Wuhan também é um centro de grandes fabricantes de automóveis americanas, europeias e asiáticas.
Iniciada em um período de férias, a crise teve inicialmente um impacto limitado na produção, mas o vírus está se espalhando tão rapidamente quanto as ameaças potenciais que pairam sobre a produção chinesa.
A Hyundai Motor indicou que suspendeu toda sua produção na Coreia do Sul, devido às dificuldades relacionadas ao fornecimento de peças chinesas.
A Tesla, por sua vez, reconheceu que a epidemia poderia atrasar a taxa de produção de sua gigantesca nova fábrica em Xangai e potencialmente pesar nos resultados do primeiro trimestre.
No setor aeronáutico, a Airbus fechou sua linha de montagem do A320 em Tianjin, perto de Pequim, até novo aviso.
A fornecedora francesa de equipamentos Safran também fechou suas instalações de produção na China até 10 de fevereiro. Conta com cerca de 20 unidades no país, empregando 2.500 pessoas.
Já vítima da guerra comercial sino-americana, a Caterpillar (maquinário de construção) agora está preocupada com um possível período de "incerteza econômica global" durante todo ano.
A Starbucks, para a qual a China é o segundo maior mercado do mundo, fechou metade de suas 4.000 lojas no país.
"Várias centenas" de restaurantes da rede McDonald's também fecharam na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital. Outros 3.000 permanecem abertos.
Pizza Hut e KFC também passaram por fechamentos de lojas, impostos por suas respectivas joint-ventures chinesas.
A fornecedora de equipamentos esportivos Nike, que teme um "forte impacto" em suas operações na China e em Taiwan, fechou cerca de metade de suas lojas na China e observou uma queda nas vendas naquelas que permanecem abertas.
Nesse panorama sombrio, alguns atores estão se saindo bem, como a fabricante de máscaras de proteção 3M.
O servidor do estúdio de videogame britânico Ndemic Creations foi vítima da popularidade do Plague Inc., um jogo no qual se desenvolve um flagelo viral mortal para erradicar a presença humana na Terra.