Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 24 de abril de 2024 às 13h18.
Última atualização em 24 de abril de 2024 às 13h22.
Com plano de investimentos de R$ 28 bilhões para expansão e modernização de rodovias no Brasil para os próximos anos, a CCR está atenta às movimentações dos próximos leilões no país. O CEO da CCR Rodovias, Eduardo Camargo, afirma que vê com "bons olhos" os 13 certames de estradas que o governo prevê realizar nesse ano e que o sistema de pagamentos automatizado, conhecido como Free Flow, veio para ficar.
"É um cenário muito auspicioso. Nós somos uma companhia aberta e, por isso, faz parte do nosso DNA crescer. É um pipeline de ativos que nos permite olhar com a seletividade e com a disciplina de capital que historicamente a CCR tem", diz Camargo em entrevista exclusiva à EXAME.
Com 23 anos de casa, Camargo assumiu a vertente de rodovias em junho de 2022 e afirma que o bom momento econômico do país, com crescimento do PIB e queda da taxa de juros, colabora para o setor de infraestrutura aumentar os investimentos. Só em 2024, serão mais de R$ 4,5 bilhões
"A economia performando melhor gera mais tráfego, que é o principal driver do nosso negócio. Mais PIB, mais demanda e mais receita para o nosso negócio. Isso é fundamento. E a questão dos juros está relacionado a custo de financiamento. O nosso compromisso de investir R$ 28 bilhões, tem um pedaço que é feito com capital próprio e uma parte importante que é de capital de terceiros, com dívidas que vamos buscar no mercado", diz o executivo.
Na entrevista, Camargo detalhou ainda as obras no trecho na Via Dutra na Serra das Araras iniciada no último dia 20 de abril, as outras obras previstas pela concessionária para 2024 e como a companhia vê a nova concessão do sistema Castelo-Raposo que deve ser realizada pelo governo do estado do São Paulo no próximo ano.
Como será a obra da Serra das Araras?
Vai ser uma obra bastante transformadora. Vai sair de uma pista de descida da época de 20, toda sinuosa para uma rodovia que vai ser completamente reconfigurada. Vamos usar parte do traçado da pista de subida existente para ser a nova pista de descida com quatro faixa e mais acostamento. E vamos fazer uma pista nova de subida também com quatro faixa mais acostamento. A expectativa é reduzir o tempo de viagem e trazer segurança, conforto e fluidez para o nosso usuário da rodovia.
Além das obras da Serra, quais são os outros investimentos previstos pela CCR?
Temos algumas obras. Na ViaOeste, que opera o sistema Castelo-Raposo, temos obras transformadoras que já estão em execução em 20224. Algumas serão entregues esse ano e outras conclusões vão ficar para o primeiro semestre do ano que vem. Por exemplo, teremos um novo acesso para a cidade de Osasco e estamos fazendo a extensão das marginais da Castelo Branco na região de Alphaville e Barueri. É uma obra que vai tirar um gargalo importante da entrada e saída daquelas cidades pela região Oeste com as marginais e duas novas pontes sobre o Rio Tietê. Após a conclusão expectativa é que o tráfico tenha uma melhor fluidez.
E tem algo previsto para o sistema Anhanguera-Bandeirantes?
Vamos fazer uma grande requalificação de todo pavimento do sistema. É uma obra de dois anos, vai começar no mês de maio, com investimentos de mais de R$ 1 bilhão de reais.
E a BR-386?
Já está em execução uma grande duplicação na Via Sul. Temos mais quatro ou cinco anos de obra para entregar todo trecho de duplicação. A obra é bastante esperada por toda a população da região.
E todas essas obras somam qual valor em investimentos em 2024?
Temos previstos aproximadamente R$ 4,5 bilhões em investimentos em rodovias para este ano. O estoque de investimentos para os próximos anos é de R$ 28 bilhões.
Qual a expectativa para os 13 leilões de rodovias previstos pelo governo?
É um cenário muito auspicioso. Nós somos uma companhia aberta e, por isso, faz parte do nosso DNA crescer. É um pipeline de ativos que nos permite olhar com a seletividade e com a disciplina de capital que historicamente a CCR tem. Temos por costume olhar essas oportunidades e entender se elas têm relação com o nosso perfil de investimento. Por isso, vemos com muito bons olhos todas essas oportunidades se materializando.
O que você acredita que é importante ter nas novas modelagens para serem atrativas para o mercado?
Acho que uma matriz de risco equilibrada é o principal ponto de atenção. O programa de concessões do Brasil é da década de 90, por isso é bem consolidado e vem passando por evoluções importantes. A quinta etapa do programa federal tem uma evolução muito positiva em termos de regulação. O modelo de contrato é bastante equilibrado. O governo inclui para alguns trechos que enxerga risco de demanda que não seria suportável pelo player privado um instrumento de bandas de demandas e outros projeto já tem proteções com relação a eventos climáticos.
A inadimplência em pedágios ainda é um risco para as operadoras? Como o Free Flow entra nessa questão?
Achamos que pedágio eletrônico, o chamado Free Flow, é um caminho sem volta, é uma tendência que veio para ficar. Todos os novos contratos têm a previsão dessa modalidade. Sobre o risco de inadimplência, ele precisa ser absorvido pelo poder concedente e não pelo privado, os contratos já trazem isso, principalmente porque a concessionário não tem poder de polícia. A fiscalização é um pular importante para que o pedágio Free Flow pare de pé.
Como o cenário macro positivo tem ajudado o setor de infraestrutura?
A economia performando melhor gera mais tráfego, que é o principal driver do nosso negócio. Mais PIB, mais demanda e mais receita para o nosso negócio. Isso é fundamento. E a questão dos juros está relacionado a custo de financiamento. O nosso compromisso de investir R$ 28 bilhões, tem um pedaço que é feito com capital próprio e uma parte importante que é de capital de terceiros, com dívidas que vamos buscar no mercado. Por isso o cenário de taxa de juros favorece o investimento privado em todos os setores, inclusive na infraestrutura.
O contrato com a ViaOeste se encerra no próximo ano. O novo leilão deve dividir a concessão em dois lotes. A CCR tem interesse em participar desse provável leilão?
A ViaOeste é um ativo estratégico para a CCR. E as novas concessões, que chamam Nova Raposo e Rota Sorocabana, tem o perfil de investimento que a CCR gosta. Eu diria que temos a obrigação de estudar. E a viabilidade dele vai se provar ao longo dos estudos que vamos fazer. Mas é um ativo que gostamos bastante.