Economia

O dinheiro vivo não está saindo de moda, diz estudo

"Na maioria dos países, a demanda por notas e moedas é forte e não demonstra sinais de desaceleração", dizem pesquisadores do Fed de São Francisco

Dinheiro na carteira é coisa do passado? (Foto/Thinkstock)

Dinheiro na carteira é coisa do passado? (Foto/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de novembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 25 de novembro de 2017 às 08h00.

São Paulo - Com o valor do bitcoin em alta e uma proliferação de diferentes meios de pagamento, pode parecer que cédulas e moedas caminham rapidamente para a irrelevância.

Mas não é o que mostra um estudo recente de John Williams, presidente-executivo da divisão de São Francisco do Federal Reserve, e Claire Wang, analista do banco para dados e políticas sobre dinheiro.

Eles verificaram que entre 42 economias que respondem por 75% do PIB mundial, praticamente todas viram o total de dinheiro em circulação crescer em ritmo mais rápido do que a economia como um todo no período entre 2006 e 2014.

"Apesar da profusão de opções digitais, na maioria dos países, a demanda por notas e moedas é forte e não demonstra sinais de desaceleração", diz o texto publicado no blog do Fed.

O dinheiro em circulação cresceu em um ritmo mais de 2 vezes maior do que o PIB em países tão diferentes como México, Chile, Colômbia, Iraque, Israel, Turquia e Coreia do Sul.

Entre os possíveis motivos apontados pelos pesquisadores estão os juros baixos, que diminuem o incentivo para manter dinheiro no banco, e o aumento da incerteza após a crise financeira de 2008.

O Brasil é um dos países onde o dinheiro vivo menos ganhou importância no período. Enquanto a economia brasileira cresceu 160%, o dinheiro em circulação cresceu 170% - uma diferença de apenas 10 pontos percentuais.

Dinamarca, Rússia, Austrália, Nova Zelândia e Japão também tem números mais baixos e próximos do brasileiro na medida de crescimento do dinheiro em relação à economia.

Suécia

A grande exceção apontada pelo estudo é a Suécia, onde de fato o dinheiro vivo está perdendo importância rapidamente. Há  cálculos de que a circulação caiu entre 40% e 50% nos últimos seis anos.

“A Suécia pode se tornar, em um futuro não tão distante, uma sociedade em que não é mais possível pagar em dinheiro. Esse desenvolvimento é único em uma perspectiva internacional", diz um comunicado recente do banco central sueco, que está estudando a criação de uma moeda digital.

O país tem um histórico de inovação financeira: foi o primeiro a emitir papel moeda (em 1660) e a ter caixas eletrônicos (em 1967, dois anos antes dos Estados Unidos, segundo a Fast Company).

O estudo do Fed não traz dados sobre a Alemanha, exceção na Europa em seu apego ao dinheiro vivo, ou sobre a China, onde os novos meios de pagamento tem se popularizado rapidamente.

 

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