Vareja: para a CNC, a tendência de redução de endividamento é compatível com a moderação observada no mercado de crédito e no volume de vendas do comércio (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2013 às 14h45.
Rio de Janeiro - O segundo recuo consecutivo do porcentual de endividados no país, para 61,4% em setembro, corrobora a estimativa de um cenário mais positivo para o varejo na segunda metade do ano.
A projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de crescimento de 5,4% das vendas de julho a dezembro, após fechar o semestre encerrado em junho com o pior desempenho em oito anos (3%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano, a entidade prevê uma alta de 4,2% nas vendas do comércio varejista, resultado bem mais fraco que o registrado no ano passado (8,4%).
Com a redução de agosto e setembro, o patamar de endividamento fica abaixo do observado no primeiro trimestre do ano (63% em junho), indicando uma tendência de desaceleração. Para a CNC, a tendência recente de redução do número de famílias endividadas é compatível com a moderação observada no mercado de crédito e no volume de vendas do comércio.
"Isso reverte parte da alta já observada, num momento interessante. O terceiro trimestre termina com as famílias quitando dívidas, dando fôlego para termos um último trimestre melhor no comércio", diz Marianne Hanson, economista da CNC e responsável pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quarta-feira, 25.
A CNC divulgará, na próxima semana, suas projeções para o Natal 2013 e o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de setembro. Segundo Marianne, a expectativa é de que se confirme uma melhora na perspectiva do empresariado do setor, já sinalizada em agosto, primeiro mês no ano em que houve mais contratações na comparação anual - foram gerados sete mil postos a mais de trabalho em relação a agosto de 2012.
"O arrefecimento da inflação e na volatilidade cambial vão ajudar nesse cenário mais favorável. Mesmo assim, será um Natal pior do que em 2011 e 2012. Nenhuma data comemorativa este ano teve crescimento maior. É um ano de desaceleração nas vendas do comércio, apesar de resultados ainda positivos", afirma Marianne. O freio na oscilação do dólar é importante para o processo de formação de estoques no comércio para o Natal, já em curso.
A economista da CNC destaca que vários fatores estão levando a uma desaceleração do consumo no ano, como o mercado de trabalho menos aquecido, o aperto monetário conduzido pelo Banco Central e condições menos favoráveis para a tomada de crédito pelo consumidor.
Os últimos dados divulgados pelo Banco Central mostraram que as taxas médias de juros do crédito tiveram em julho sua segunda alta consecutiva. "O consumidor já está sentindo o crédito mais caro", diz Marianne.
A alta dos preços puxada pelos alimentos no início do ano foi outro fator negativo para o varejo. A CNC avalia que esse efeito sobre os bens não duráveis já foi dissipado e que a trégua da inflação iniciada em julho permanecerá, impedindo um maior repasse de altas ao consumidor. No entanto, pairam dúvidas sobre o cenário para os preços em 2014.
"Muitos preços administrados não foram reajustados e houve um efeito forte da redução da tarifa de energia elétrica este ano, o que tem impacto positivo no custo de vida e na renda das famílias. Até que ponto isso virá à tona no futuro a gente não sabe. Há risco de um cenário pior para a inflação em 2014", alerta Marianne.