Endividamento das famílias brasileiras diminuiu, mas inadimplência alcançou recorde histórico (Sidney de Almeida/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 13h13.
Última atualização em 23 de janeiro de 2025 às 13h36.
O endividamento das famílias brasileiras apresentou queda em dezembro de 2024, atingindo 76,7%, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). A redução foi de 0,9 ponto percentual em relação ao fim de 2023, quando o indicador estava em 77,6%.
A CNC destacou que a queda acontece em um período sazonalmente marcado por maior uso do crédito, evidenciando a cautela dos consumidores frente ao cenário de juros altos, inflação e aumento do custo do crédito. Segundo o levantamento, “a redução pode sinalizar mais restrições para o acesso a crédito por parte das famílias”.
A dívida das famílias em relação ao produto interno bruto (PIB) está em torno de 30%, percentual baixo quando comparado aos 72% registrados no mercado americano. Apesar disso, o estudo mostrou que a inadimplência cresceu em dezembro de 2024, atingindo 29,3% das famílias, ante 28,8% no mesmo mês de 2023.
Além disso, a parcela de famílias que não conseguem quitar suas dívidas alcançou 13%, o maior índice da série histórica. “A inadimplência é um reflexo do impacto desproporcional desses fatores sobre as famílias de baixa renda, que enfrentam juros elevados e renda limitada para absorver o aumento dos preços. É fundamental promover um ambiente econômico estável e políticas que ampliem a capacidade de consumo”, afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
De acordo com o levantamento, as famílias com renda de até três salários mínimos são as mais impactadas pelo endividamento. Em 2024, 80,5% dessas famílias tinham dívidas, o que demonstra a dependência do crédito para manutenção do padrão de consumo.
Por outro lado, a proporção de famílias que destinam mais de 50% da renda ao pagamento de dívidas apresentou leve redução, caindo de 20,7% em 2023 para 20,6% no ano passado.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, ressaltou que, apesar da redução no endividamento em relação à renda comprometida, o aumento dos juros e o encarecimento do crédito dificultaram a gestão financeira. “É necessário reforçar a educação financeira e implementar políticas de renegociação de dívidas bem estruturadas”, explicou.
A CNC alertou para os desafios de 2025, diante da possibilidade de novos aumentos da Taxa Selic. Essa perspectiva pode limitar o acesso ao crédito e agravar ainda mais as dificuldades financeiras das famílias.
“[Grifar] É um cenário que exige cautela e atenção redobrada para evitar um agravamento da situação econômica”, concluiu o estudo.