Economia

Novo presidente do Banco Central vê panorama sombrio

Ilan Goldfajn chega ao cargo com uma visão sóbria a respeito da maior economia da América Latina


	Ilan Goldfajn: ele terá que usar as ferramentas disponíveis para provar que estava errado em relação ao PIB e tentar recuperar a economia
 (.)

Ilan Goldfajn: ele terá que usar as ferramentas disponíveis para provar que estava errado em relação ao PIB e tentar recuperar a economia (.)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 21h01.

O novo presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, chega ao cargo com uma visão sóbria a respeito da maior economia da América Latina.

Como economista-chefe do maior banco do Brasil por valor de mercado, o Itaú Unibanco, Goldfajn previa uma contração econômica de 4 por cento, superior aos 3,7 por cento da mediana das projeções de 41 economistas participantes de uma pesquisa da Bloomberg.

Agora que comandará o BC, nomeação pendente de confirmação pelo Congresso, ele terá que usar as ferramentas disponíveis para provar que estava errado em relação ao PIB e tentar recuperar a economia, mantendo ao mesmo tempo a inflação sob controle e reduzindo as taxas de juros, hoje no nível mais alto em uma década.

O economista de 50 anos, com doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), foi nomeado nesta terça-feira pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, outro recém-chegado, no momento em que o presidente interino, Michel Temer, completa as indicações para o gabinete.

Em relatórios escritos nas últimas semanas para o Itaú, Goldfajn disse que a aprovação dos ajustes buscados por Meirelles será difícil e que a melhora da confiança não evitará uma “queda acentuada” da economia este ano.

Isto poderá ajudar a diminuir a pressão sobre a inflação. Goldfajn, que nos últimos dois anos foi o segundo analista mais preciso nas projeções para os preços ao consumidor, prevê que a inflação cairá para 6,9 por cento em 2016, pouco abaixo da estimativa média da última pesquisa do BC.

“Ele é realmente uma escolha acertada, especialmente considerando a preocupação de Temer com o desemprego, o que apontaria para taxas de juros mais baixas”, disse Marco Maciel, economista da Bloomberg Intelligence que estudou com Goldfajn na universidade, no Rio de Janeiro.

Goldfajn, que nasceu em Israel, é casado e tem três filhos, tem passagem anterior pelo BC como membro do conselho, entre 2000 e 2003. No MIT, ele escreveu uma tese de doutorado sob a supervisão do vice-presidente do Fed, Stanley Fischer. Trabalhou anteriormente também no Fundo Monetário Internacional e na Gávea Investimentos, de Armínio Fraga.

Times dos sonhos

“Um dos grandes problemas do atual banco central é que ele perdeu um pouquinho a batalha da comunicação, não foi capaz de comunicar sua visão. E isso foi minando a crença do mercado de que ele efetivamente perseguia a meta, o centro da meta,” disse Amaury Bier, CEO da Gávea. “Já com ilan, ele tem uma reputação que evitará que esse tipo de situação se repita. Não consigo ver um nome melhor para a posição.”

Goldfajn se junta a uma equipe econômica chamada de “time dos sonhos” em uma nota divulgada na terça-feira pelo Goldman Sachs. A equipe é liderada por Meirelles, que deixou claro sua intenção de agir agressivamente para cortar gastos com o objetivo de aumentar a confiança do investidor. Otimismo com a nova administração tem impulsionado ativos brasileiros esse ano, com o Ibovespa e o real entre os ativos com melhor desempenho em comparação com seus principais pares.

Em um artigo publicado no mês passado no jornal O Estado de S. Paulo, Goldfajn colocou a alta em um contexto mais pragmático.

“Não é o momento de sancionar euforias no mercado.”

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBanco CentralMercado financeiro

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto