Economia

Novo premiê japonês deve se concentrar em reformas fiscais

Chegada de Naoto Kan ao poder aumentou a esperança de que haverá passos mais ousados para controlar o déficit público

Uma pesquisa de opinião realizada pelo jornal Mainichi indicou que 63 por cento dos eleitores tem expectativas positivas para um governo de Kan (.)

Uma pesquisa de opinião realizada pelo jornal Mainichi indicou que 63 por cento dos eleitores tem expectativas positivas para um governo de Kan (.)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2010 às 17h56.

Tóquio - O novo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, vai chamar uma pessoa que apóia a ortodoxia fiscal para a função de ministro das Finanças. Para o segundo posto mais alto de seu partido, ele vai trazer alguém que critica abertamente uma importante figura política no Japão, Ichiro Ozawa.

O apoio ao partido de governo no Japão, o Partido Democrático do Japão (PDJ), aumentou desde que os democratas votaram em Kan para assumir o posto de premiê no lugar de Yukio Hatoyama, que renunciou apenas oito meses depois de assumir o poder em meio a um baixo nível de popularidade.

Uma pesquisa de opinião realizada pelo jornal Mainichi indicou que 63 por cento dos eleitores tem expectativas positivas para um governo de Kan, que terá início na terça-feira. Outras pesquisas indicaram resultados similares.

Cerca de 34 por cento dos entrevistados planejam votar no PDJ nas próximas eleições para o Senado em julho. O partido do governo precisa ganhar essas eleições para impedir que haja uma paralisia política no Congresso justo quando o Japão tenta controlar sua dívida crescente e gerar crescimento sustentável apesar do envelhecimento da população.

Esse resultado foi muito melhor do que os 22 por cento indicados na pesquisa anterior e representa o dobro das intenções de voto que tem o Partido Democrático Liberal, que perdeu o poder no ano passado numa eleição histórica que pôs fim a quase 50 anos de poder do partido conservador.

A chegada de Kan ao poder aumentou a esperança de que haverá passos mais ousados para controlar o déficit público, que já é quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). Kan é um ex-ativista que tornou-se uma figura importante dentro do partido.

Essas esperanças aumentarão quando Kan promover o vice-ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, ao posto de ministro, já que Noda compartilha com o premiê a ideia de que consertar as contas públicas do país é a principal prioridade do novo governo.

Kan disse a repórteres no sábado que ele havia pedido ao secretário nacional de estratégia, ministro Yoshito Sengoku, que fosse chefe de gabinete e jornais locais dizem que ele provavelmente deixaria Koichiro Genba no posto de chefe da política do PDJ.

Ambos concordam em aumentar o imposto sobre o consumo dos atuais 5 por cento para financiar o crescente custo de uma sociedade envelhecida e para reduzir a dependência na dívida para financiar gastos.


"Prometemos não aumentar o imposto até a próxima eleição geral então não podemos fazê-lo. Mas depois dela, precisamos rapidamente fazer reformas fiscais drásticas, inclusive no imposto sobre o consumo, e precisamos indicar isso no nosso manifesto para a eleição para o Senado", disse Genba num debate televisivo no domingo.

Eleições para a Câmara precisam ser realizadas até 2013.

Mudanças no comando do partido

Kan também disse que vai indicar o atual ministro da Reforma Administrativa Yukio Edano para substituir o veterano de estratégia de campanha Ichiro Ozawa como secretário-geral do partido, o segundo posto na hierarquia do PDJ. Este é mais um sinal de que Kan está se distanciando do poderoso parlamentar cuja imagem está maculada por escândalos.

A influência de Ozawa é uma preocupação tanto para os eleitores, que temem que ele volte a incrementar gastos com programas de seu interesse como fez o PLD durante seus 50 anos no poder, mas também para os mercados financeiros, que andam preocupados com o nível de endividamento do Japão.

A mídia local disse que Kan manteria vários ministros, inclusive o das Relações Exteriores, Katsuya Okada.

Okada tem a difícil tarefa de ajudar Kan a manter suas relações com o aliado Estados Unidos em bom estado, já que um acordo para manter uma base aérea em Okinawa --realizado nos últimos dias do governo de Hatoyama-- enfrenta forte resistência da população.


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