Economia

Novo chefe da Receita havia virado número dois há menos de um mês

José de Assis Ferraz Neto assumiu o cargo de titular da subsecretaria em agosto, em meio à ameaças de entrega de cargos por ingerência política

Prédio da Receita Federal: (Receita Federal/Divulgação)

Prédio da Receita Federal: (Receita Federal/Divulgação)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 16h42.

Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 17h14.

São Paulo — Com a saída de Marcos Cintra da secretaria-geral da Receita Federal - confirmada nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Economia - José de Assis Ferraz Neto assume interinamente o cargo.

Ferraz Neto foi indicado para o cargo de subsecretário-geral há menos de um mês, quando o então titular da subsecretaria, João Paulo Ramos Fachada Martins da Silva, foi demitido em meio à ameaça de entrega de cargos na Receita por ingerência política.

De acordo com o Estadão, pessoas ligadas a Bolsonaro haviam solicitado a troca de dois delegados locais da Receita: um da Barra da Tijuca e outro responsável pela fiscalização no Porto de Itaguaí.

A região tem atuação de milicianos no tráfico de armas e outras mercadorias, além de ser foco de tráfico de drogas. A fiscalização tem sido reforçada no local. Fachada resistiu, assim como o superintendente no RJ, Mário Dehon.

Afastar o “número dois” teria sido uma forma de Cintra, secretário da Receita, satisfazer o Planalto sem revoltar o órgão. Segundo o presidente do sindicato dos auditores fiscais (Sindifisco), Kleber Cabral, havia uma ameaça de renúncia coletiva.

Na quarta-feira (21), dezenas de servidores da Receita fizeram um protesto contra “interferências externas”, um recado que vai muito além de Bolsonaro.

No começo do mês, Alexandre de Moraes, ministro do STF. afastou dois auditores da Receita e suspendeu fiscalizações sobre agentes públicos.

As mensagens reveladas pela Vaza Jato mostraram tentativas de levantar dados na Receita sobre ministros como Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

 

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