Usina em Nova Caledônia: ilha irá introduzir um imposto de exportação vinculado ao preço do níquel (Marc Le Chelard/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2014 às 11h20.
Sydney - A Nova Caledônia, que esta semana autorizou a brasileira Vale a reiniciar suas operações de níquel depois de um vazamento de ácido e um subsequente tumulto, não está aberta a novas plantas de mineração, tendo atingido sua capacidade máxima, disse à Reuters nesta quarta-feira um influente funcionário do recém-eleito do governo local.
Philippe Michel, presidente da Província do Sul da Nova Caledônia, também disse que a ilha do sul do Pacífico deve se preparar para um futuro sem minas de níquel e que irá introduzir um imposto de exportação vinculado ao preço do níquel para criar um fundo para o futuro.
A Nova Caledônia, ilha ao nordeste da Austrália, tem cerca de um quarto das reservas de níquel conhecidas do mundo e emprega mais de 6.000 pessoas no processamento do minério.
Mineração de níquel é uma importante indústria no território francês, representando cerca de 20 por cento da sua economia, de acordo com números do governo.
"Com três fábricas, nós já atingimos o nosso limite, seja do ponto de vista econômico, social, cultural ou ambiental", disse Michel disse à Reuters em uma entrevista por telefone.
As três usinas são operadas pela gigante brasileira Vale, pela francesa Societe Le Nickel (SLN) e pela mineradora Glencore.
A estratégia de longo prazo do governo da Nova Caledônia é se preparar para uma economia "pós-níquel", com a expansão das atividades de turismo da ilha, disse Michel.
Um novo imposto sobre a exportação de minerais, que ajudará a financiar o crescimento econômico futuro, pode ser implantado ainda este ano.
"Há esse tipo de imposto em todo o mundo, exceto aqui", disse Michel.
Michel, que foi eleito no mês passado para governar uma das três províncias da Nova Caledônia, disse que sua prioridade é corrigir os danos causados ao meio ambiente por 130 anos de mineração.
No mês passado, o governo local suspendeu as operações da Vale na unidade de processamento de em Goro após cerca de 100 mil litros de efluentes contaminados com ácido vazarem, matando cerca de mil peixes.
Foi o sexto incidente grave no local para a segunda maior mineradora de níquel do mundo, e isso provocou violentos distúrbios que causaram mais de 20 milhões de dólares em danos a prédios, equipamentos e veículos.