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Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2016 às 13h58.
Imagine investir em uma aplicação financeira sem correr o risco de sair com menos dinheiro do que entrou e que possa garantir um percentual da rentabilidade do dólar ou do Ibovespa, dependendo do valor verificado no vencimento. Em linhas gerais, é isso que os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) oferecem aos investidores. Regulamentados em 2014, os COEs começaram a ganhar mais espaço na prateleira das corretoras neste ano. As instituições foram liberadas pela CVM para fazer a distribuição pública desse tipo de aplicação em outubro de 2015, e a primeira venda realizada por uma corretora aconteceu em 2016. Oferecidos pelos bancos há dois anos, os certificados COE já emitidos por 17 instituições alcançaram a marca de 8,5 bilhões de reais, segundo a integradora do mercado financeiro Cetip.
“Para o investidor, trata-se de uma aplicação financeira que mescla características de renda fixa e renda variável e que viabiliza a diversificação de portfólio”, afirma Fábio Zenaro, superintendente de produtos da Cetip. Um COE, portanto, pode ser composto por vários tipos diferentes de ativos e derivativos, como as opções, por exemplo, e empacotados na forma de um certificado. Esses ativos e derivativos podem ser de natureza distinta, englobando desde índices de preços e taxas de juros até commodities, nacionais ou internacionais. Todos precisam ter metodologia consistente e série regularmente calculada.
Não é obrigatório, mas, na maioria das vezes, os COEs oferecem proteção do capital inicialmente investido mesmo quando o mercado vai mal. Com isso, em um COE ligado à alta do câmbio, por exemplo, um investidor sairia no zero a zero mesmo que a taxa despencasse no vencimento do investimento. Conforme dados da Cetip, quase 94% dos certificados emitidos no último ano ofereceram esse tipo de proteção do valor nominal.
Em troca da proteção, os emissores podem estabelecer algumas condições que limitam o ganho do investidor. No COE de câmbio, um cenário possível seria que a sua rentabilidade fosse igual à variação da taxa, até um determinado teto – de 10% ou 20%.
Trata-se, então, de um investimento sem risco? Não. Em primeiro lugar, diz Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, os COEs embutem o risco de crédito, ou seja, o risco de a instituição financeira emissora dar calote (ou quebrar, em caso extremo). E diferentemente de outras aplicações bancárias, como os CDBs ou a poupança, esses certificados não estão na alçada do Fundo Garantidor de Créditos, que assegura os depósitos de até 250 000 reais por pessoa em caso, por exemplo, de falência do banco.
Além disso, há o risco de mercado. Em outras palavras, a variação dos preços dos ativos embutidos no COE. “Mesmo que se compre um certificado com proteção do valor inicial investido, as flutuações de mercado existem. É impossível saber qual será o retorno obtido na aplicação”, diz Viriato.
Os números mostram que, na maioria dos casos, o rendimento dos COEs tem sido vantajoso. Segundo Zenaro, levantamento da Cetip aponta que 59% dos certificados emitidos até agora que já venceram apresentaram rentabilidade superior à taxa DI, referência para a maior parte das aplicações de renda fixa.