(Sigrid Harms / dpa/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 2 de abril de 2019 às 14h46.
São Paulo - A Noruega fez história no mês de março, quando carros elétricos e híbridos responderam por 58% das vendas de novos automóveis no país, segundo dados divulgados pela Federação Norueguesa de Rodovias (NRF) na segunda-feira. O market share expressivo cimenta a posição do país como líder global no esforço para restringir as emissões do seu setor de transportes.
O recorde foi impulsionado, em parte, pela chegada do Tesla Model 3, o veículo elétrico mais "acessível" da marca criada por Elon Musk. O sedã elétrico começou a circular nas estradas norte-americanas em julho de 2017, e em fevereiro de 2018 chegou à Europa.
Com um valor inicial de US$ 35 mil, a versão básica promete 350 km de autonomia, velocidade máxima de 208 km/h e aceleração de 0 a 96 km/h em 5,3 segundos.
Nada menos do que 30 mil noruegueses entusiasmados desembolsaram mais de 400 milhões de coroas norueguesas (US$ 49 milhões) em depósito para reservar o modelo. As encomendas começaram em outubro de 2018.
Resultado? No mês passado, o sedã elétrico Model 3 da Tesla foi responsável por quase metade dos 10.732 veículos com emissão zero registrados na Noruega.
Pavimentando um novo caminho
No ano passado, os carros elétricos representaram um terço (31,2%) de todas as vendas de carros, um incremento relevante ante a taxa de 20,8% em 2017, e a de 5,5% em 2013, enquanto as vendas de gasolina e diesel caíram.
Dentro de seis anos, comprar um novo carro movido a gasolina, gás natural ou diesel será praticamente impossível no país, que esboça um plano para proibir a venda de modelos tradicionais até 2025.
Mudanças fiscais e na infraestrutura viária já estão por todos os lados.
Ao longo dos últimos anos, a Noruega eliminou impostos sobre os veículos limpos e foi ainda mais longe, oferecendo estacionamento gratuito e acesso a corredores de ônibus, o que ajudou a tornar os carros híbridos e elétricos “bestsellers” no país.
O empenho norueguês para “esverdear” o transporte está totalmente ligado às metas climáticas do país. Nos termos do Acordo de Paris, a Noruega se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030 em relação aos níveis de 1990.
Como a matriz energética do país é predominantemente dominada por usinas hidrelétricas, o setor de transporte, historicamente dominado por veículos a diesel e a gasolina, tornou-se foco das ações do governo.
E os resultados dessa transição são notáveis. Atualmente, a Noruega é líder mundial na venda de veículos elétricos.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), em 2017, a participação do mercado norueguês representou 39% nas vendas de elétricos em todo o mundo.