Economia

Nobel de Economia critica tarifas de Trump e alerta para recessão: 'É insanidade econômica'

Para Paul Krugman, a política tarifária de Trump isola os EUA e paralisa investimentos ao redor do mundo

Paul Krugman: Nobel da economia criticou tarifas de Trump (Gene Medi/NurPhoto /Getty Images)

Paul Krugman: Nobel da economia criticou tarifas de Trump (Gene Medi/NurPhoto /Getty Images)

Publicado em 8 de abril de 2025 às 08h51.

O economista e ganhador do Prêmio Nobel, Paul Krugman, voltou a fazer críticas à política econômica do ex-presidente Donald Trump, especialmente às medidas protecionistas ligadas ao aumento de tarifas de importação.

Segundo Krugman, a atual conjuntura é inédita na história dos Estados Unidos. “Essa é a primeira vez em que um presidente causa uma economia terrível”, afirmou.

Durante uma conversa com o jornalista Mehdi Hasan, transmitida online no Substack , Krugman disse que o problema não é apenas o impacto imediato das tarifas, mas o cenário de incerteza que elas geram. “É isso, mais até do que as tarifas em si, que está matando a economia”, disse.

Segundo ele, os efeitos colaterais são profundos. “Os negócios estão paralisados. Ninguém sabe se deve investir em uma fábrica no México ou construir capacidade nos EUA. Todo mundo apenas cruza os braços", afirmou.

“Estamos nos sancionando como se fôssemos a Coreia do Norte”

Krugman não economizou nas analogias para destacar o grau de isolamento promovido pelas tarifas: “É como se estivéssemos minando nossos próprios portos e bloqueando as pistas de pouso. Estamos nos isolando do comércio internacional", disse.

Segundo o economista, os EUA se tornaram altamente dependentes de cadeias de suprimento globais, especialmente em setores como semicondutores e terras raras. “Se você nos der 15 anos, até poderíamos reconstruir a economia sem comércio internacional — embora mais pobres. Mas dizer que vamos aplicar tarifas massivas agora é um golpe devastador", afirmou.

Krugman afirmou ainda que a postura dos EUA está enfraquecendo relações com aliados históricos. “Temos dificuldade de enxergar que outros países são reais, com orgulho e patriotismo próprios. Mas agora estamos vendo líderes do Reino Unido e Canadá dizerem que o mundo mudou, que talvez precisem pensar sem os EUA", disse.

“O mercado não é a economia, mas é um termômetro do pânico”

Krugman lembrou que, apesar do colapso nos índices de ações, “o mercado de ações não é a economia”. Ainda assim, a reação negativa reflete a visão de que “quem tem dinheiro em jogo acha tudo isso uma loucura”, segundo ele.

Para ele, o argumento de que tarifas ajudam os trabalhadores americanos é enganoso. “As tarifas atingem desproporcionalmente os mais pobres, que gastam mais com bens importados. É um imposto altamente regressivo.”

Krugman rebate também o discurso nostálgico que tenta trazer de volta uma economia industrial do século passado. “Mesmo se eliminássemos todo o déficit comercial, o emprego no setor manufatureiro só subiria de 10% para 12,5%.” E completou: “É uma nostalgia tóxica. Querem voltar para 1955 — e isso não faz sentido nem seria bom", afirmou.

“Não há estratégia. Só teimosia e ego”

Para Krugman, o apego de Trump às tarifas é pessoal, e não baseado em fatos. “Há 40 anos ele achou que era mais esperto que todo mundo e que tarifas eram a solução. Nunca admitiu que estava errado. Agora quer provar que tinha razão, não importa o custo", disse.

O economista também destacou que a gestão Trump se baseia em lealdade cega, mesmo entre nomes experientes de Wall Street. “Eles seguem a lógica de ‘honrar os ensinamentos do presidente’, mesmo que isso signifique defender absurdos. Inteligência e reputação são venenos nesse ambiente", afirmou.

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