Economia

No setor privado, quase 100% das vagas geradas foram informais

Desde o trimestre encerrado em abril, quando o mercado começou a melhorar, foram geradas apenas 17 mil vagas com carteira assinada no setor privado

Desde o trimestre encerrado em abril, o contingente de desempregados encolheu em 1,308 milhão de pessoas (Jorge Rosenberg/Reuters)

Desde o trimestre encerrado em abril, o contingente de desempregados encolheu em 1,308 milhão de pessoas (Jorge Rosenberg/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 14h39.

Rio de Janeiro - O número de vagas formais geradas pelas empresas privadas em 2017 até outubro é tão baixo que foi considerado estatisticamente irrelevante pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desde o trimestre encerrado em abril, quando o mercado de trabalho começou a melhorar, foram geradas apenas 17 mil vagas com carteira assinada no setor privado, o que foi considerado estatisticamente não significativo pelo IBGE.

"No setor privado, praticamente 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público", disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em entrevista coletiva sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) nesta quinta-feira, 30.

Os demais postos de trabalho criados foram: 721 mil sem carteira assinada no setor privado; 676 mil por conta própria; 187 mil empregadores; 159 mil no serviço doméstico; e 511 mil no setor público. Azeredo, calculou que 75,5% dos 2,3 milhões de postos de trabalho gerados no ano, ou cerca de 1,743 milhão de vagas, foram na informalidade.

"Todas as vezes que você tem empregador aumentando junto com trabalhador por conta própria, pode ter certeza que é informalidade. Se o empregador não aumenta com a carteira assinada, é aumento de informalidade", alertou Azeredo.

"É uma proxy da informalidade, porque tem uma grande chance de boa parte desses trabalhadores serem informais sem carteira no setor privado, serviço doméstico, empregador e trabalhador por conta própria", disse.

Desde o trimestre encerrado em abril, o contingente de desempregados encolheu em 1,308 milhão de pessoas. "Com a geração de vagas e a queda no total de desocupados, o ano de 2017 está sendo atípico em relação ao que vinha ocorrendo", avaliou Azeredo.

Segundo o coordenador da pesquisa, a crise econômica e o cenário político conturbado inibem o processo de investir e empreender, tendo como consequência o aumento da informalidade.

"Você tem uma crise econômica, tem um cenário político conturbado, que de certa forma inibem o processo de investir e empreender, e, consequentemente, tem um aumento da informalidade. As pessoas estão entrando no mercado de trabalho através dos setores de alojamento, alimentação, comércio, construção de baixa qualidade", lembrou o pesquisador.

"Acredita-se que esse movimento informal aumentando a massa de rendimento possa movimentar o mercado e possibilitar a criação de postos de trabalho formais", completou Azeredo.

O IBGE ressaltou que o quadro atual do mercado de trabalho é de alta na ocupação e baixa na desocupação. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, porém, a população desempregada continua aumentando. "O que muda é a ocupação, que já passou a apresentar dados positivos", disse Azeredo.

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