Economia

No 1º semestre, investimento estrangeiro no Brasil foi de US$ 25,7 bilhões

Banco Central espera uma aceleração até o final do ano para chegar a uma entrada de US$ 60 bilhões em 2021

Santos Brasil (STBP3) distribuirá R$ 326 milhões em dividendos em setembro (Germano Lüders/Exame)

Santos Brasil (STBP3) distribuirá R$ 326 milhões em dividendos em setembro (Germano Lüders/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de julho de 2021 às 14h28.

Última atualização em 27 de julho de 2021 às 15h09.

No primeiro semestre deste ano, o investimento direto no país (IDP) foi de US$ 25,7 bilhões. O resultado foi divulgado pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira. Esse dado mostra o quanto estrangeiros estão investindo no Brasil.

O número já supera o do mesmo período do ano passado, que fechou em US$ 23,7 bilhões. No entanto, a expectativa do BC é que esses investimentos acelerem no segundo semestre e atinjam R$ 60 bilhões até o fim do ano. Em 2020, o número total foi de US$ 44,6 bilhões.

Para o mês de julho, o resultado veio bem abaixo das estimativas iniciais. Entraram apenas US$ 174 milhões. No mês passado, o BC projetava a entrada de US$ 2,5 bilhões.

O resultado baixo é consequência de uma retirada de US$ 2,4 bilhões no mês em operações intercompanhia. Ou seja, filiais de empresas estrangeiras no Brasil enviaram dinheiro para suas matrizes no exterior ou empresas brasileiras enviaram recursos para suas filiais estrangeiras.

Essa retirada compensou a entrada de US$ 2,5 bilhões no mês.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, disse que o resultado do IDP de junho acendeu um alerta porque pode indicar que as empresas não estão reinvestindo os recursos no país. A economista ressalta que é necessário esperar para verificar se esse comportamento continuará nos próximos meses.

— A saída das operações intercompanhia, de recursos de multinacionais, é um alerta de que não estão reinvestindo o recurso aqui, não estão aumentando suas operações e aí o investimento é de longo prazo, é o que dá sustentação para o crescimento econômico sustentável — destacou.

Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual digital, ressalta que é necessário olhar o resultado baixo de junho com mais cuidado. A entrada de US$ 2,5 bilhões foi em participação de capital, o que aponta para uma atratividade positiva de investimentos.

— Por mais que o dado seja ruim, o qualitativo, quando olha a composição, essa entrada de US$ 2,5 bilhões no capital na minha avaliação é algo que sim, não digo comemorar, mas dá pra gente olha com mais atenção, mais carinho para esse dado porque mostra um IDP robusto esse ano — ressaltou.

O chefe do Departamento de Estatística do BC, Fernando Rocha, afirmou que tudo indica que essa queda é um aspecto pontual. Ele explica que a decisão de filiais brasileiras de multinacionais remeterem recursos para o exterior é algo normal e depende de vários fatores.

— A decisão tem a ver com os balanços da matriz, necessidade de fechar os balanços, pode ser taxa de câmbio, pode ser momento mais favorável ou menos favorável e neste caso ao que tudo indica isso parece ser um aspecto pontual — disse.

Rocha ressalta que a alta na saída por operações intercompanhia é explicada porque o desembolso de novos empréstimos entre a matriz e a subsidiária diminuíram, enquanto o pagamento dos empréstimos já concedidos continuaram no seu cronograma normal. Para o próximo mês, o BC espera entrada de US$ 4,7 bilhões.

O IDP engloba investimentos duradouros no país, como a expansão da capacidade produtiva de uma fábrica ou investimentos em uma nova filial de uma empresa estrangeira. Por isso, depende que os investidores tenham segurança no momento de tomar as decisões.

Mercado financeiro

No mercado, o registro foi de entrada de US$ 5,1 bilhões no mês, sendo US$ 2,6 bilhões em ações e fundos de investimento e US$ 2,5 em títulos de dívida.

Nos primeiros seis meses de 2021, entraram US$ 21, 6 bilhões no mercado financeio, sendo mais da metade em títulos de dívida, US$ 12,1 bilhões, e o restante em ações e fundos de investimento, US$ 9,5 bilhões.

Viagens internacionais

O gasto de brasileiros no exterior registrou o maior número desde o início da pandemia, em março do ano passado. Foram US$ 448 milhões em junho, ainda muito abaixo da média mensal de US$ 1,5 bilhão anterior à crise, mas aponta para uma recuperação, de acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas.

— É muito difícil fazer projeções para variáveis econômicas que dependam do comportamento da pandemia, mas o que podemos ver é que mês a mês parece estar tendo maior volume de gastos de brasileiros com viagens ao exterior e parece que isso tem sido uma tendência — disse Rocha.

O gasto de estrangeiros no Brasil também tem aumentado, mas em um ritmo menor. Historicamente, os brasileiros gastam mais no exterior do que estrangeiros no Brasil.

— Com avanço da vacinação tudo indica que a gente pode ter um déficit em conta corrente um pouquinho maior no segundo semestre se as operações de turismo voltarem — disse a economista Camila Abdelmalack.

As despesas com viagens fazem parte da conta de balanço de pagamentos, que envolve a balança comercial, serviços e renda, como juros. No primeiro semestre, o BC registrou um déficit de US$ 6,9 bilhões, menor do que o registrado no mesmo período de 2020, quando o déficit foi de US$ 13,3 bilhões.

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