Câmbio desceu a um patamar "perigoso", segundo a CNDL (David Siqueira/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 11h37.
Brasília - O derretimento recente do dólar na comparação com o real, visto antes até como um ponto favorável no combate à inflação para o comércio e aumento da atividade do setor, começa a preocupar o varejo. "O câmbio desceu a um patamar perigoso agora", considerou o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior. "O remédio pode intoxicar se ficar por muito tempo", acrescentou.
A avaliação é a de que o fortalecimento do real tem suscitado na indústria nacional a possibilidade de o empresário se tornar um mero distribuidor de importados, e não mais um produtor. "Antes, o dólar oscilava e voltava. Agora realmente faz com que o Brasil perca muita competitividade, não só no mercado externo como no interno. Isso afeta indústria nacional de forma pesada", considerou.
O temor do comércio é o de que a desindustrialização afete o nível de emprego, de renda e acabe afetando o setor. "Isso começa a preocupar o varejo, que quer ter cliente sempre."
Medidas macroprudenciais
As medidas macroprudenciais tomadas pelo governo no final do ano passado foram irrisórias para o comércio varejista, na opinião do presidente da CNDL. "O varejo continua aquecido, não sentiu impacto das medidas macroprudenciais", disse. Segundo dados divulgados pela instituição hoje, o crescimento das vendas do comércio na primeira metade do ano foi de 5,05% na comparação com idêntico período de 2010.
A expectativa do representante do varejo, quando as medidas foram lançadas, era a de que os impactos fossem verificados nos bens de maior valor agregado, como a venda de automóveis, mas nem isso aconteceu. "Nas vendas de produtos de menor valor, a ação do governo foi inócua", considerou. Ele disse que as medidas não surtiram efeito porque a demanda reprimida das classes sociais que estão subindo é muito elevada. "Isso só dará uma parada quando desejos reprimidos esfriarem", disse.
Já a alta da inadimplência, de 4,25% no semestre ante a primeira metade de 2010 e de 6,9% na comparação com junho do ano passado, continua preocupando o setor, ainda que a velocidade da expansão tenha sido menor do que a das vendas. "O problema é o estoque que se gera de inadimplência. Isso vai tirando consumidores do mercado no médio prazo", previu.