Economia

Ninguém pune o Banco Central por descumprir meta, diz Haddad ao comparar com arcabouço fiscal

Novo conjunto de regras para as contas públicas pode passar por alterações no Congresso

Haddad: o ministro fez a comparação com a autarquia monetária porque nos anos de 2021 e 2022, a inflação efetiva (medida pelo IPCA) ficou fora do intervalo de metas estabelecido (Diogo Zacarias/Fazenda/Flickr)

Haddad: o ministro fez a comparação com a autarquia monetária porque nos anos de 2021 e 2022, a inflação efetiva (medida pelo IPCA) ficou fora do intervalo de metas estabelecido (Diogo Zacarias/Fazenda/Flickr)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 24 de abril de 2023 às 14h59.

Última atualização em 24 de abril de 2023 às 15h07.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que é contrário ao estabelecimento de punição em caso de descumprimento dos parâmetros na nova âncora fiscal — que será votada no Congresso e pode passar por alterações.

A regra atual, o teto de gastos, prevê a possibilidade de o presidente responder por crime de responsabilidade, em caso de descumprimento de metas fiscais.

"Ninguém pune o Banco Central por descumprir a meta. O que eu acredito é você ter regras que tornem a gestão fiscal mais rígida. Não conheço nenhum país que criminalize. Do que ainda você fazer uma regra dura, como o teto de gastos, e depois ficar aprovando emendas constitucionais e furando o teto. Melhor ter uma regra sustentável", diz Haddad, citando, por outro lado, que o Congresso tem autonomia para a decisão de possíveis mudanças.

Haddad fez a comparação com a autarquia monetária porque nos anos de 2021 e 2022, a inflação efetiva (medida pelo IPCA) ficou fora do intervalo de metas estabelecido. Há também perspectiva da inflação continuar fora da banda também em 2023. A meta de inflação para este ano é de 3,25%, com teto de 4,75%. Para os próximos dois anos a meta é de 3%, com teto de 4,5%.

Julgamento do STJ sobre o ICMS

Com atenção ao resultado das contas públicas para os próximos anos, Haddad esteve durante a manhã com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves. O magistrado é relator do processo que discute a exclusão dos benefícios do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) da base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

No Ministério da Fazenda, a expectativa é de uma decisão favorável ao governo. O ministro estima "centenas de bilhões" de prejuízos para as contas públicas, com a perda de arrecadação. Segundo ele, está sendo julgado um montante maior do que "orçamento do MEC inteiro" e o equivalente a "metade do Bolsa Família".

"Isso tem um impacto muito grande nas finanças públicas, que estão sendo corroídas por uma série de dispositivos anômalos e completamente ilegítimos, que estão corroendo a base fiscal do Estado. Qual é o país no mundo que subvenciona custeio? Não conheço nenhum exemplo. Com isso, criou-se um ralo de quase R$ 90 bilhões", argumenta Haddad. Para ele, o julgamento do STJ pode "mudar completamente o horizonte fiscal do país".

Acompanhe tudo sobre:Fernando HaddadBanco Central

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto