Economia

Ninguém faz superávit como o Brasil, afirma Lula

O ex-presidente disse que existe um ceticismo exagerado no Brasil com relação à situação vivida pelo país


	O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Ninguém faz superávit como o Brasil"
 (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Ninguém faz superávit como o Brasil" (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2014 às 15h29.

Porto Alegre - O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que, desde 2008, o Brasil tem um superávit médio de 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB), o melhor entre os países que integram o G-20.

"Ninguém faz superávit como o Brasil", disse durante fórum organizado pelo El País na capital gaúcha, rebatendo as críticas feitas em relação ao desempenho da economia brasileira.

"Alguns analistas, com muita audiência, passaram o ano de 2013 dizendo que o Brasil era uma economia frágil", revelou. "Disseram que o governo estava gastando mais do que devia e que o país estava à beira da recessão."

Lula disse que existe um ceticismo exagerado no Brasil com relação à situação vivida pelo país.

"Ouço muita gente falar que é preciso melhorar o humor (do mercado com relação ao Brasil). Se o problema fosse esse seria fácil, contrataríamos um humorista e pronto", disse.

De acordo com o ex-presidente, grande parte deste ceticismo deriva de uma disputa ideológica e de projetos. "Incomoda muita gente o PT continuar governando o Brasil", afirmou.

O ex-presidente lembrou as comparações feitas com o México e as informações de que o país latino-americano seria mais competitivo do que o Brasil.

"Eu via os jornais dizendo que o México era a grande novidade do século 21 e estava melhor do que o Brasil", disse.

"Quero que o México cresça, mas era mentira. Não há nenhum indicador de crescimento do PIB, salário ou emprego comparável ao Brasil."

Desafios

Lula afirmou também que o Brasil não pode ter medo de atuar como um País grande e encarar os desafios impostos pela crise internacional.

"Acho que temos de ficar um pouco mais afoitos agora. Apenas seguir a rotina técnica não dá mais certo", revelou.

"Temos de colocar um pouco mais do charme do compromisso social para a gente melhorar um pouco a situação", disse, sem especificar a que situação estava se referindo.

O ex-presidente priorizou os temas econômicos em discurso proferido na manhã de hoje e direcionou alguns comentários ao secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que estava na plateia, esperando para também palestrar no evento.

Em tom de brincadeira, Lula disse que Augustin terá de explicar por que o crédito "está sendo barrado" no País, já que não há inflação de demanda.

"O crédito melhora a vida de todo mundo. Podemos chegar a 80% do PIB para crédito, 90%, não tem problema nenhum", afirmou o ex-presidente. Em evento na tarde de ontem em Porto Alegre, Lula já havia defendido a expansão do crédito no país.

Lula disse que, se depender do pensamento de tesoureiro de Augustin, não se faz nada no Brasil. "Não é por maldade dele, não. É porque um tesoureiro de um sindicato é assim", explicou.

Investimento

Em outro momento, Lula afirmou que o Brasil não tem carência de dinheiro para investimento.

"Por que não tem investimento? Não tem porque o país não quer vender nada. Se está diminuindo a demanda, por que eu vou investir? Se tem dinheiro à vontade para investir, mas não tem gente para comprar, eu não vou fazer", afirmou.

"Caiu um pouco o comércio exterior e está caindo a demanda interna. Penso que temos de tomar muito cuidado para não entrar numa rota delicada para nós."

O ex-presidente também recomendou a Augustin a criação de um fundo de comércio no valor de US$ 2 bilhões com a África, argumentando que isso poderia estimular o fluxo bilateral.

Lula exaltou a importância de apostar em novas relações comerciais e investir não só nos negócios internos, mas também nas exportações, como forma de impulsionar a economia.

Lula disse a Augustin que é preciso comprar uma briga com as empresas automobilísticas que querem produzir no Brasil para se beneficiar do Inovar Auto.

Segundo ele, elas deveriam se comprometer a produzir no Brasil uma parte dos veículos que são exportados para a África, por exemplo, que, segundo ele, compra basicamente dos países asiáticos e da Alemanha.

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