Benjamin Netanyahu: "Obviamente nós, do governo (dos EUA), estamos contentes. Este é um passo que queríamos ver acontecer" (Mike Segar/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2016 às 09h04.
Ancara/ Jerusalém - O acordo de normalização das relações entre Israel e Turquia irá fortalecer a economia israelense, disse o primeiro-ministro do Estado judeu, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira, e o presidente turco, Tayyip Erdogan, descreveu o acordo como um passo para aprimorar as condições humanitárias na Faixa de Gaza.
Os dois países, outrora aliados firmes, chegaram ao entendimento no domingo, depois de uma desavença de seis anos resultante de um episódio no qual 10 ativistas turcos pró-palestinos foram mortos por marinheiros israelenses quando tentavam chegar a Gaza de barco.
A rara reaproximação no Oriente Médio, atualmente dividido pela guerra civil da Síria, foi motivada em grande parte pelos temores crescentes com a ascensão do Estado Islâmico, no momento em que as duas nações procuram novas alianças em uma região polarizada.
Falando depois de uma reunião com o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, em Roma, Netanyahu disse que o acordo foi "um passo importante".
"Ele também tem implicações imensas para a economia israelense, e uso essa palavra criteriosamente", afirmou a repórteres ao lado de Kerry. Autoridades israelenses mencionavam a perspectiva de acordos de comercialização de gás lucrativos no mar Mediterrâneo assim que os laços com a Turquia forem restaurados.
Kerry saudou o pacto, dizendo: "Obviamente nós, do governo (dos EUA), estamos contentes. Este é um passo que queríamos ver acontecer".
Mais detalhes sobre o acordo devem ser anunciados formalmente ainda nesta segunda-feira por Netanyahu, na capital italiana, e pelo primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, em Ancara.
O acordo, politicamente delicado para os dois países, pode abrir caminho para acordos de comercialização de gás e um alívio diplomático dos problemas turcos com a vizinha Síria e a Europa.
Erdogan conversou com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, por telefone na noite de domingo e lhe disse que o acordo irá melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza, disseram fontes da presidência turca, segundo as quais Abbas expressou satisfação com os acontecimentos.
Israel, que já pediu desculpas –uma das três condições impostas por Ancara para um entendimento– pela operação naval de 2010, concordou em pagar 20 milhões de dólares aos feridos e familiares dos mortos, disse um funcionário israelense.