JACKSON HOLE: discurso de Jerome Powell deve tratar futuro da política de juros dos Estados Unidos / REUTERS/David Stubbs/File Photo
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2018 às 06h53.
Última atualização em 24 de agosto de 2018 às 07h13.
Os caminhos da economia global estão sendo discutidos no resort Jackson Hole, isolado no meio das montanhas do estado americano do Wyoming. É lá, a 1.900 metros de altitude, que o novo presidente do Fed, o banco central americano, Jerome Powell, fala nesta sexta-feira e pode dar pistas sobre a trajetória da política de juros do país, fundamental para a dinâmica de investimentos mundo afora.
A conferência acontece desde 1978, organizado pelo Fed de Kansas, e reúne os principais acadêmicos e presidentes de Bancos Centrais do planeta. O tema deste ano é “Mudanças na estrutura de mercado e implicações para a política monetária”, e foca nos desafios da economia num momento consolidação das empresas, achatamento dos salários e dos investimentos.
Historicamente, o evento tem antecipado grandes tendências, e – em alguns casos – influenciando nos movimentos dos mercados emergentes. Vale recordar: em 2012, Ben Bernanke, presidente do Fed na época, antecipou o anúncio de uma nova rodada de estímulos monetários; em 2014, foi Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que antecipou novos estímulos para o bloco europeu.
Este ano, em especial, marca os 10 anos pós crise de 2008. O discurso de Powell terá como título “A política monetária numa economia em transformação” e, esperam investidores, pode dar pistas sobre se a recente onda de instabilidade em países como a Turquia pode levar o Fed a interromper seus planos de aumento dos juros. Seu discurso também pode mostrar se o intenso ritmo de crescimento da economia americana será um tema levado mais em conta nas futuras reuniões do banco.
Donald Trump será um assunto obrigatório, nem que seja nas entrelinhas. O presidente americano vem cobrando Powell a reduzir o ritmo de aumento de juros. Sua política comercial, que levou a uma guerra aberta com a China e coloca em risco parcerias comerciais com a Europa e o Nafta, deve ser tratada no discurso de Powell. No mês passado, o presidente do Fed afirmou que uma economia mais protecionista é “menos competitiva”.
Qualquer declaração mais incisiva sobre a guerra comercial, ou sobre os juros, pode esquentar ainda mais a temperatura dos mercados e jogar o dólar ainda mais para cima. Seria péssima notícia para o Brasil, que vê a moeda americana em alta por sete dias consecutivos em virtude de nossa instabilidade eleitoral. O dólar abre a sexta-feira cotado a 4,12 reais. Olhos no Wyoming.