Economia

Não há definição de aumento de combustíveis, diz Mantega

O ministro da Fazenda afirmou também que o governo tem grande "munição" para lidar com os movimentos de desvalorização do câmbio


	Guido Mantega: "Se vai ter algum outro tipo de aumento [nos cumbustíveis], eu não sei, não tem definição nenhuma"
 (Peter Foley/Bloomberg)

Guido Mantega: "Se vai ter algum outro tipo de aumento [nos cumbustíveis], eu não sei, não tem definição nenhuma" (Peter Foley/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 16h19.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou nesta segunda-feira que o governo não tem nenhuma definição sobre um eventual aumento de combustíveis em 2013.

"O que eu disse é que não haveria aumento em função da variação cambial", afirmou, referindo-se a uma entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo. "Se vai ter algum outro tipo de aumento, eu não sei, não tem definição nenhuma", apontou. Mantega participou de um almoço, em São Paulo, realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Mantega afirmou também que o governo tem grande "munição" para lidar com os movimentos de desvalorização do câmbio e admitiu que, caso seja oportuno, poderá vender dólares à vista.

"Podemos dar liquidez para o spot, se for necessário", afirmou. De acordo com ele, o Banco Central (BC) pode "colocar até mais de US$ 60 bilhões" em swaps cambiais e leilões de linha, medida anunciada pela instituição financeira na semana passada. "Não há limite para isso", destacou, ressaltando que tais ações não representam perda de reservas cambiais.

"O Brasil tem muita munição para enfrentar situação cambial", apontou. "O Banco Central está entusiasmado em não deixar que haja oscilação excessiva do câmbio", disse. Segundo Mantega, a administração federal conta com um montante de US$ 370 bilhões de reservas, que é robusto para lidar com eventuais volatilidades adicionais do mercado.

Ainda conforme o ministro da Fazenda, "nenhum ministro sabe" quando o patamar do câmbio se estabilizará, pois é uma questão que está muito mais vinculada com a definição sobre a trajetória do fim da política de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos). Na análise de Mantega, não é uma questão trivial, pois "nem os diretores" do Fed "estão se entendendo" sobre a trajetória da política monetária nos EUA para o curto prazo.


Expectativas

Mantega disse que as expectativas em relação à economia do Brasil são inferiores à realidade. O ministro da Fazenda reconheceu que houve uma piora nas expectativas, bem como no nível de confiança de consumidores e empresários, mas refutou a tese de que a volatilidade do câmbio esteja ligada a esses fatores.

"Não acredito que o movimento do câmbio esteja ligado às expectativas porque os investidores são muito objetivos", disse. O investidor, na avaliação de Mantega, não diz: "Olha, hoje o mercado acordou com mau humor". Na opinião do ministro, o investidor olha para dados objetivos. Prova disso, para Mantega, é que nos últimos meses as aplicações em renda fixa e o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no País foram recordes. "Nos últimos meses, o investimento em renda fixa e na Bolsa foram recordes e em Investimento Estrangeiro Direto, também", reforçou. Isso, de acordo com ele, é confiança, o que levará a uma melhora das expectativas.

Inflação

Mantega ressaltou também que a "inflação está sob controle" e que "a dona de casa pode ficar tranquila", pois o Poder Executivo não deixará que os preços subam. "Estamos vigiando a inflação e ela não será obstáculo para a nossa trajetória de crescimento", afirmou. "O impacto do câmbio na inflação ainda é pequeno. Mas vamos seguir observando", destacou.

"Não sei se o câmbio terá ou não impacto na Selic. Só o Banco Central pode responder", disse, depois de ter sido perguntado se a desvalorização do real ante o dólar influenciará os passos das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que terá a reunião de agosto concluída nesta quarta-feira, 28.

Para combater a inflação, o ministro destacou que o Executivo tem um amplo leque de medidas que podem ser adotadas. Por hipótese, Mantega citou redução de tarifas de importação e desonerações de setores produtivos a fim anular eventuais aumentos de custos com o fortalecimento do dólar ante o real.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGuido MantegaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPreços

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo