Japoneses (Yoshikazu Tsuno/AFP)
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 16 de abril de 2018 às 11h44.
Para todos os homens japoneses que se sentirem decepcionados por não terem recebido chocolate de suas colegas no Dia de São Valentim: coragem, este provavelmente é um bom sinal para a saúde econômica do país a longo prazo.
O Dia de São Valentim é marcado por gestos românticos em muitos países, e, no Japão, é costume que as mulheres comprem chocolates para compartilhá-los com todos os seus colegas de trabalho do sexo masculino. Embora os homens devam retribuir o gesto um mês depois, o problema é que as mulheres são obrigadas a participar, gostem ou não.
Mas este ano pode ser diferente, porque mais mulheres disseram que não vão participar. Apenas 15 por cento das trabalhadoras consultadas pelo site de recrutamento Shufu Job disseram apoiar o costume de dar chocolates a colegas de trabalho, e 33 por cento se opuseram à prática. Cerca de 71 por cento viam isso como um aborrecimento que elas prefeririam evitar.
Assim como a expectativa de que elas sirvam chá para colegas do sexo masculino, dar "giri choco" - chocolates por obrigação - é algo imposto às mulheres nas empresas, e a diretoria deveria começar a apoiar aquelas que querem mudar isso, disse Kazuko Ito, advogada da Mimosa Forest Law Office em Tóquio que é especialista em direitos humanos e igualdade de gênero.
O fato de que mais mulheres sintam que podem desafiar o costume é um sinal de certo progresso nas relações no local de trabalho. E isso é crucial para o programa "womenomics", do primeiro-ministro Shinzo Abe, que busca derrubar as barreiras de gênero que impedem as mulheres de desempenhar papéis seniores e influentes.
Talvez nada disso importe para as fabricantes de chocolate. Uma pesquisa realizada pela varejista on-line Rakuten concluiu que as mulheres que planejam gastar menos em chocolate para os colegas do sexo masculino pretendem comprar mais para si e para suas amigas.