Economia

Não acho elegante dizer o que o BC tem que fazer, diz Haddad sobre possível alta da Selic

Haddad disse que não vê que um crescimento maior da economia, com um mercado mais aquecido, vai gerar um aumento dos preços no país

 (Diogo Zacarias/MF/Flickr)

(Diogo Zacarias/MF/Flickr)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 10h01.

Última atualização em 4 de setembro de 2024 às 10h11.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evitou nesta quarta-feira, 4, responder se acha necessário que o Comitê de Política Econômica (Copom) eleve a taxa de juros do país para esfriar a economia e conter a inflação.

“Tenho evitado em fazer esse tipo de comentário. Até porque já indicamos quatro diretores para o Banco Central, acabamos de indicar o nome do novo presidente e teremos mais três diretores para nomear. Confio na capacidade técnica de quem está à frente do BC. Não acho elegante dizer o que o Banco Central tem que fazer”, disse o chefe da Fazenda, em entrevista à GloboNews.

Apesar disso, Haddad disse que não vê que um crescimento maior da economia, com um mercado mais aquecido, vai gerar um aumento dos preços no país.

“Se você for tomando os cuidados devidos, e fazendo as reformas. Se controlarmos a oferta, não vamos ter pressão inflacionária em um futuro próximo. O Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial. A média mundial tem sido em torno de 3%”, afirmou.

Segundo especialistas ouvidos pela EXAME, a alta de 1,4% do PIB brasileiro é explicada por alguns fatores que têm relação direta com a expansão fiscal em curso no Brasil. Os dois principais, e não únicos, são a expansão do consumo das famílias e do consumo do governo.

Com o aumento dos gastos públicos, que turbina a geração de riquezas, a inflação fica pressionada e deve levar o Banco Central a elevar a Selic, na visão de economistas. 

Ciclo virtuoso

Sobre o resultado do PIB do 2º semestre, acima do esperado pelo mercado, o ministro disse que o dado evidencia um “ciclo virtuoso” gerado pelo governo após “ajustes no lugar certo” e que a economia brasileira está crescendo com a inflação baixa.

“O Brasil está crescendo com baixa inflação, fomos o segundo país do mundo que mais cresceu durante o segundo trimestre de 2024. Veja como você consegue ter um ciclo virtuoso na economia quando faz os ajustes no lugar certo. As pessoas não se atentam para a qualidade do ajuste fiscal, vamos cobrar de quem tem de pagar, equilibrar as contas públicas”, afirmou.

Sobre a meta fiscal, Haddad disse que caso a economia mantém o patamar de crescimento e a compensação da desoneração da folha seja aprovada pela Câmara dos Depustados não existe motivo para revisar a meta.

"Eu quero crer que, mantida essa marcha, não há razão para revisão se as decisões do Supremo forem observadas pelos outros dois poderes, Legislativo e Executivo", disse.

Sobre a expansão do programa Vale-gás, o ministro disse que os gastos não devem ser "exepcionalizados", mas que o assunto será discutido junto a Casa Civil.

"Eu falei com o presidente Lula sobre isso na segunda-feira e ele autorizou que nós sentássemos na Casa Civil para não excepcionalizar o investimento que vai ser feito nesse programa já para 2025. Vamos sentar com a Casa Civil e tem espaço para revermos esse procedimento", disse. 

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