Alexandre Tombini, do BC: queda-de-braço com o mercado em relação à taxa de juros (Elza Fiúza/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 15h51.
São Paulo – É inegável que os analistas ainda não engoliram a decisão do Banco Central (BC) de reduzir os juros de 12,50% para 12% ao ano no fim de agosto. Sem aviso prévio, a queda da Selic deixou o mercado com a sensação de marido traído.
Desde então, os economistas de corretoras, bancos e consultorias têm “comprado” apenas uma parte – a ruim – do cenário utilizado pelos diretores do BC para justificar o início do ciclo de afrouxamento monetário. Trata-se da queda do ritmo de crescimento do Brasil provocada pelo agravamento da crise internacional.
A outra parte – a boa –, no entanto, está sendo ignorada pela maioria dos analistas consultados pelo boletim Focus. Trata-se da redução da inflação que decorreria exatamente desse esfriamento econômico.
Sem nenhum constrangimento, os economistas começaram a reduzir as estimativas para o PIB no ano que vem (3,60%) e, ao mesmo tempo, elevaram por sete semanas seguidas as projeções de inflação, chegando a 5,61% – cada vez mais distante do centro da meta.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) define se haverá nova redução na Selic. As apostas são em mais um corte de meio ponto percentual. Eventual surpresa virá de uma redução ainda maior.
O recado "malcriado" do mercado ao BC já está dado e inclui, de quebra, a previsão de que a meta de inflação não será cumprida neste ano.
Com o grau elevado de incerteza que ainda predomina no cenário internacional, ninguém pode afirmar de maneira responsável quem está certo ou errado, o Banco Central ou mercado. Porém, piorar as projeções é a forma que os analistas encontraram para demonstrar a insatisfação com a mudança repentina de rumo da política monetária.