A presidente da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2015 às 22h42.
São Paulo - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou na noite desta quinta-feira, 28, que quem dirige a política econômica é a presidente Dilma Rousseff e não o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e que houve um erro de comunicação do governo com a sociedade ao não explicar melhor as Medidas Provisórias que alteram os benefícios trabalhistas.
"Quem dá a ultima palavra na política econômica é a presidente Dilma, não é o ministro Levy", disse durante um bate-papo virtual como militantes. "Eu acho que houve erro de comunicação do nosso governo ao tratar correções em alguns excessos, erros no processo previdenciário e trabalhista e considerar isso um ajuste fiscal", afirmou.
Segundo Falcão, o contingenciamento e a "correção" na política de desonerações são medidas que fazem parte do ajuste. "Havia algum tipo de excesso, tínhamos uma conjuntura de pleno emprego e o seguro-desemprego crescendo", completou.
Para o presidente do PT, no entanto, todas as alterações precisam ser negociadas com o movimento sindical. "O diálogo com centrais tem de ser permanente."
Além da comunicação, o presidente do PT também fez críticas à condução da política monetária do governo. Segundo ele, "não há necessidade" de se manter uma política de elevação de juros.
"A taxa de juros não pode continuar crescendo. Não faz sentido, o juro tem um efeito corrosivo na economia", afirmou, ressaltando que o clima atual é de queda de produção e de economia enfraquecida.
"Temos o risco, inclusive, de ter um semestre recessivo", afirmou.
Reforma política
No bate-papo com internautas, Falcão comentou ainda da postura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que depois de ter dito em plenário, na noite de terça-feira, 26, que o financiamento era tema vencido e não poderia mais ser apreciado, na quarta-feira, 27, conseguiu recolocar as doações privadas em pauta.
"Todos perceberam que houve uma manobra, um rompimento de acordo, por meio do qual se instituiu na Constituição brasileira, se pretende instituir, o financiamento empresarial das campanhas e dos partidos, que a nosso ver é um dos males da política brasileira", afirmou.
Falcão disse ainda que foi importante derrotar sistema do "distritão", no qual seriam eleitos os deputados e vereadores mais votados, sem considerar o número de votos recebido pelos partidos ou coligações, como é atualmente.
"Foi mantido o voto proporcional contra opinião do presidente da Câmara e de outros deputados", disse. "É preciso continuar o debate e vamos continuar defendendo uma verdadeira reforma política", afirmou. "O Parlamento, tal como está aí hoje, não fará a reforma política com profundidade."
O presidente do PT reforçou a posição do partido de defesa do financiamento público de campanha e afirmou que a questão do financiamento empresarial ainda passará por outras avaliações - uma na Câmara e mais duas no Senado.
"Até que isso não ocorra vamos tentar mudar os votos no Congresso Nacional mostrando para sociedade os males do financiamento empresarial", disse. "Se isso afinal for aprovado e inscrito na constituição nós vamos debater no nosso congresso que atitudes vamos tomar", completou.
Grandes fortunas
Falcão voltou a defender a taxação de grandes fortunas e heranças. "É preciso retirar o peso dos impostos sobre a produção e os salários e fazer incidir impostos sobre a riqueza, o patrimônio e as grandes heranças", disse.
"A transmissão das grandes heranças é onde se perpetua a desigualdade no mundo todo."
Para o petista, outra forma de ajudar no ajuste fiscal pretendido pelo governo poderia ser a volta da CPMF, o que atingiria somente 13 milhões de pessoas.
"Não dava nem 10% da população. A CPMF acabou porque ela era transparente", disse.