Salim Mattar: proximidade do PPI com a Infraestrutura já era alvo de críticas reservadas de Mattar (Andre Coelho/Bloomberg)
Agência O Globo
Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 08h59.
Última atualização em 31 de janeiro de 2020 às 09h00.
Brasília — A transferência do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Casa Civil para o Ministério da Economia, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro, representa uma vitória e concretiza um desejo antigo do ministro Paulo Guedes.
Para ele, era natural que o departamento de concessões e privatizações do governo ficasse sob o guarda-chuva de técnicos da economia, e não sob a responsabilidade da articulação política do governo, segundo interlocutores do ministro.
Na Economia, a maior chance é que o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, fique com o programa. O empresário já cuida das estatais e das privatizações do governo federal. O desenho final só vai ser definido na próxima segunda-feira, numa reunião semanal que Guedes faz com o secretariado.
Assim que soube da decisão de Bolsonaro, Guedes pediu à sua equipe para conversar com os técnicos do PPI, mapear a atual estrutura do órgão e desenhar como ele ficará na Economia.
O PPI sempre teve forte influência do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que indicou a atual secretária especial do programa, Martha Seillier.
Em 2019, os destaques do programa foram justamente concessões de portos, aeroportos e rodovias, ligadas diretamente à pasta da Infraestrutura.
A proximidade do PPI com a Infraestrutura já era alvo de críticas reservadas de Mattar e sua equipe, para quem o programa não tocava com o mesmo empenho as demais privatizações.
Em 2019, apenas a venda de subsidiárias de estatais avançou, num tipo de operação realizada pelas próprias empresas. Até agora, o governo não conseguiu privatizar ou fechar nenhuma estatal de controle direto da União.
É por isso que fontes do ministério avaliam que Seillier pode perder o cargo assim que o PPI for transferido oficialmente para Mattar. Ela estava entre as integrantes do voo da FAB liderado pelo ex-secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, que usou a aeronave para se deslocar de Davos, na Suíça, à Nova Delhi, na Índia.