Nova York: na cidade, "seu apartamento é seu quarto e a cidade é a sala", diz um dos mantras dos agentes imobiliários (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2013 às 11h05.
Nova York - "Em Nova York, seu apartamento é seu quarto e a cidade é a sala" é um dos mantras recorrentes dos agentes imobiliários na tentativa de convencer um estrangeiro a alugar um dos minúsculos imóveis da cidade.
Mas o Museu da Cidade de Nova York (MCNY) quer demonstrar que, com um pouco de criatividade, em um microapartamento é possível fazer caber ao mesmo tempo quarto e sala. O desafio foi feito convidando cinco pessoas a viver durante um fim de semana inteiro em um apartamento de 30 metros quadrados construído no terceiro andar do museu.
"Quando entrei aqui pensei que era pequeno demais, mas depois que se começa a viver é diferente, parece aberto, não se sente nem de longe que é pequeno como de fato é", disse Taylor Jones, um bolsista do museu que, junto com sua colega Emily Theakston, teve coragem de passar 24 horas no pequeno espaço.
De seis da tarde de quinta-feira até as seis da tarde de sexta, Taylor e Emily compartilharam o microapartamento, projetado pela firma italiana Clei e mobiliado pela Resource Furniture, que importa para os Estados Unidos "móveis multiuso" fabricados na Europa.
Uma cadeira de escrivaninha que se transforma em uma escada, uma mesa auxiliar que se transforma em quatro assentos ou uma cama de casal que recua na parede para dar passagem a um sofá são algumas das propostas que permitem aproveitar ao máximo este diminuto espaço.
"É muito moderno e chique, muito prático, ficaria encantada em ter essas peças de design na minha casa porque penso: "esta é uma invenção incrível"", elogiou Emily, que apesar de viver em uma casa com terraço, não se sentiu "enclausurada" por causa da boa organização do espaço.
Os ocupantes deste singular microapartamento, que por um dia viveram como se fossem participantes do "Big Brother", expostos ao olhar dos visitantes do museu nova-iorquino, descreveram ao vivo a experiência pelas redes sociais.
"Não é somente biodegradável, esta cama é super confortável", tuitou Emily ao acordar.
Sexta-feira assumiu o espaço a diretora de design da Resource Furniture, Challie Stillman e sua namorada, a advogada colombiana Lina Franco, que abandonaram por um dia o apartamento de um quarto em Williamsburg, no Brooklyn para "se mudar" para o museu e chegaram a organizar um jantar para oito pessoas.
"Não me dá nenhuma claustrofobia, cresci no Brooklyn com minha mãe em um apartamento de um quarto e eu dormia na sala, portanto não sou das pessoas acostumadas a viver em um chalé de 1.200 metros", disse Lina, que nasceu em Medellín e foi para os Estados Unidos com 12 anos.
O experimento, encerrado domingo com o quinto voluntário, é parte da exposição "Making Room", que até o dia 2 de setembro mostra projetos arquitetônicos que abordam o desafio de se adequar ao crescimento demográfico em cidades como Nova York, na qual um terço da população vive sozinha, mas cada vez em espaços mais limitados.
Cadeiras dobráveis descansam na parede da entrada do apartamento, a mesa de jantar fica camuflada sob a bancada da cozinha, a tábua de passar se esconde dentro do armário e as paredes deixam de ser meras ferramentas de divisão para se transformarem em armários multiuso.
Embora este estudo seja a principal atração da mostra, também é possível encontrar projetos, fotografias e maquetes de projetos como "My Micro NY", que ganhou o concurso promovido pela prefeitura de Nova York para que a cidade ganhe seu primeiro prédio de microapartamentos.
Composto por 55 módulos pré-fabricados de 23,2 e 34,4 metros quadrados cada, esse edifício que será construído na rua 27 em Manhattan no ano que vem é uma exceção a legislação municipal que impede a construção de apartamentos com menos de 37 metros quadrados.
Mas, se o programa piloto for bem-sucedido, a cidade poderia acabar com essa legislação de 1987 para construir mais edifícios de microapartamentos, como defende a diretora de marketing da Resource Furniture, Lisa Blecker, que se questiona: "Caso se confirme a previsão de que 600 mil pessoas vão se mudar para Nova York nos próximos 20 anos, onde elas vão viver?".