O presidente uruguaio, José Mujica: ele lembrou que o Uruguai recebeu ofertas "muito interessantes" para uma aliança comercial com a Coreia do Sul, mas que persiste "o dilema do Mercosul". (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h51.
Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, considerou nesta sexta-feira que o Mercosul, "mais que um mercado comum", é "uma união aduaneira ruim" e deveria realizar discussões sobre seu destino, para estabelecer novos acordos de livre-comércio.
"Não podemos nem devemos enganar-nos, nos últimos anos o Mercosul ficou muito estagnado com crescentes dificuldades de comercializar entre seus sócios, (...) e, embora existe vontade bilateral manifesta que acreditamos estar se concretizando com o Brasil, a verdade é que em todo o bloco temos dificuldades de caráter paquidérmico para avançar", disse Mujica.
Em seu habitual discurso em uma emissora de rádio, o presidente uruguaio, de 77 anos, ressaltou que a região deve estar atenta à intenção dos Estados Unidos e da União de Europeia de criar um "grande espaço de livre-comércio" entre ambos.
"Semelhante acordo causaria, no mundo de hoje, enormes dificuldades para penetrar nestes mercados para aqueles que estamos fora desses acordos", comentou.
Para Mujica, "já não resta dúvida que acordos bilaterais entre países e às vezes entre conjuntos de países substituem às pressas as tentativas de regras comerciais de troca de caráter mundial. O mundo caminha rumo a acordos de conjuntos de nações que disputarão condições preferenciais contra outros".
O presidente destacou que "há um terror de ficar sozinho" e lembrou que o Uruguai recebeu ofertas "muito interessantes" para uma aliança comercial com a Coreia do Sul, mas que persiste "o dilema do Mercosul".
"Se o mundo começar a fazer acordos regionais aqui e ali, aqueles que não estiverem dentro desses acordos terão muitos obstáculos para comercializar e isso é determinante direto no mercado de trabalho", alertou.