Hereda explicou que a mudança do indexador beneficiaria principalmente quem tem elevado saldo na conta do FGTS (Fernando Moraes/VEJA São Paulo)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2012 às 16h53.
São Paulo - O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Hereda, disse nesta quinta-feira que uma eventual mudança do indexador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) poderia encarecer o financiamento habitacional, prejudicando principalmente as pessoas de renda menor no País. Em exposição feita na subcomissão temporária do FGTS no Senado, Hereda disse que uma mudança do fator de correção atual, de TR mais 3%, para o IPCA elevaria o juro do empréstimo da casa própria de 9,8% para 14,3% ao ano. Nessa hipótese, a parcela de um financiamento habitacional para a população de baixa renda subiria, por exemplo, de R$ 475 para R$ 634.
"Quantas famílias ficariam de fora com a mudança do indexador?", questionou o presidente da Caixa. Hereda explicou que a mudança do indexador beneficiaria principalmente quem tem elevado saldo na conta do FGTS.
O presidente da Caixa também vê com ressalva uma eventual diversificação no uso da destinação do FGTS, outra hipótese em estudo na subcomissão. Para ele, é preciso se pensar no equilíbrio atuarial. Ano passado, foram arrecadados R$ 72 bilhões e sacados R$ 57 bilhões. Hereda disse que, em 2011, os saques ficaram em torno de 80% da arrecadação.
Segundo Hereda, não haveria muita margem para mudar a carteira de investimentos do fundo. "Ele (o fundo) não é tão grande que possa dar conta de tudo que fazemos hoje e mais alguma coisa", afirmou. "Não há espaço para se colocar mais demanda no fundo. É importante que, quando se decida (mudar), se decida pensando nisso", argumentou.
O presidente da Caixa disse que a divisão dos lucros do fundo com os trabalhadores "sem dúvida" seria a melhor opção de mudança nos critérios do uso do FGTS. Mas ele ressalvou que a medida também não ajudaria para promover a distribuição de forma socialmente justa dos recursos do fundo.