Economia

Mudanças climáticas podem acabar com 80 milhões de empregos até 2030

A Organização Internacional do Trabalho considera que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo podem acabar com o aumento da temperatura

Os dois setores mais expostos são a agricultura e a construção (Carla Gottgens/Bloomberg/Bloomberg)

Os dois setores mais expostos são a agricultura e a construção (Carla Gottgens/Bloomberg/Bloomberg)

A

AFP

Publicado em 1 de julho de 2019 às 13h41.

Última atualização em 1 de julho de 2019 às 13h42.

Com as mudanças climáticas, o aumento do estresse térmico na agricultura e em outros setores industriais levará, previsivelmente, a uma perda da produtividade equivalente a 80 milhões de empregos até 2030 - advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta segunda-feira (1º).

Em um novo relatório, a OIT considera que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo poderão se perder por causa das altas temperaturas, segundo projeções baseadas em um aumento da temperatura mundial em 1,5ºC, até o final do século.

O impacto será maior no sul da Ásia e na África Ocidental, onde cerca de 5% das horas trabalhadas poderão ser perdidas para 2030, ressaltam os autores do relatório "Trabalhar em um planeta mais quente: O impacto do estresse térmico na produtividade laboral e no trabalho decente".

No total, as perdas econômicas representariam cerca de 2,4 trilhões de dólares em escala mundial.

"A grosso modo, é o equivalente à economia do Reino Unido", comparou Catherine Saget, coautora do relatório, na conversa com a imprensa.

O estresse térmico representa um calor superior ao que o corpo pode tolerar sem sofrer danos psicológicos, indica a OIT, acrescentando que costuma se produzir quando as temperaturas superam os 35ºC com uma forte umidade.

"O impacto do estresse térmico na produtividade laboral é uma consequência grave das mudanças climáticas", afirmou Saget.

"Podemos esperar um aumento das desigualdades entre países de renda alta e países de renda baixa, e que as condições trabalhistas se degradem para os mais vulneráveis, assim como os deslocamentos da população", advertiu.

Os dois setores mais expostos são a agricultura, que emprega 940 milhões de pessoas no mundo e deve representar 60% das horas de trabalho perdidas para 2030; e a construção, cuja produtividade cairia 19%.

Nicolas Maitre, economista na OIT, explicou que a Europa tampouco se livrará do impacto das mudanças climáticas nesse sentido.

"Cabe esperar mais períodos como os que tivemos ultimamente, cada vez mais frequentes e mais intensos", disse aos jornalistas, em referências às ondas de calor.

Para evitar o risco de estresse térmico, a OIT estimula a "criação de infraestruturas adequadas e de melhores sistemas de alerta precoce durante as ondas de calor".

Acompanhe tudo sobre:EmpregosMudanças climáticasOIT

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto