Energia: (./Getty Images)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2017 às 16h19.
São Paulo - Uma mudança mais profunda na metodologia de cálculo do preço spot da energia elétrica, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), deverá entrar em vigor a partir de 2019, e não no início de 2018, conforme planejado anteriormente, disseram autoridades de órgãos do setor nesta terça-feira.
Uma primeira alteração na metodologia que calcula esses preços, que influenciam as cotações de contratos no mercado livre de eletricidade, irá acontecer em maio deste ano e deve ter como efeito prático uma elevação no PLD médio.
As mudanças têm como objetivo tornar os preços mais realistas, segundo o governo, mas a alteração antes prevista para 2018 deverá exigir maiores estudos técnicos.
"Dificilmente a gente vai conseguir concluir os trabalhos até julho para adotar a partir de janeiro de 2018. Então o mais provável é que passe a vigorar em janeiro de 2019", disse o gerente de Preço da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rodrigo Sacchi, durante evento do setor promovido pela Thomson Reuters.
A metodologia que passará a ser adotada nos cálculos do PLD a partir de maio é a chamada CvAR, enquanto a prevista para entrar em 2019 é conhecida como SAR.
De acordo com Sacchi, inclusive, as alterações para o futuro poderão não se resumir a uma troca de metodologias.
"A gente está estudando de forma mais ampla, não somente substituir o CvAR pela SAR. Estamos estudando tudo, toda metodologia possível... uma combinação dos dois... estamos vendo como o modelo se comporta", afirmou.
Os levantamentos técnicos sobre os preços são conduzidos por um grupo que inclui a CCEE e outras instituições do setor, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O superintendente de regulação da geração na Aneel, Christiano Vieira, avalia que a mudança estabelecida para maio deverá levar a um cenário de bandeira amarela até o final do ano, embora não seja descartado o acionamento da bandeira vermelha.
"Vai depender da hidrologia... a perspectiva que temos hoje é mais na linha da bandeira amarela", apontou.
Na segunda-feira, o ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, disse acreditar que a falta de chuvas pode levar a até mais de seis meses em bandeira vermelha neste ano.
A assessora da presidência da EPE, Ângela Livino, disse que as duas alterações em preparação buscam uma melhor representação da realidade do sistema elétrico nos preços spot, até devido a mudanças na matriz do país, com aumento da inserção de fontes intermitentes, como usinas eólicas.
Ela avalia, inclusive, que os preços decorrentes dessas mudanças, mais altos, devem ajudar a viabilizar investimentos em geração, principalmente a construção de usinas para vender eletricidade no mercado livre, onde consumidores negociam o suprimento diretamente com geradores e comercializadoras.
Ela lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não financia usinas voltadas ao mercado livre porque estas geralmente vendem a produção em contratos de prazo mais curto, vistos como de maior risco para um empréstimo de longo prazo.
"É uma formação de preços mais atrativa para o investidor... uma das maneiras de financiar o mercado livre para contratos de mais curto prazo é ter preços mais seguros e uma previsibilidade maior para que eles consigam investir. Essa combinação é muito benéfica", afirmou.