Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 15 de abril de 2025 às 13h40.
Última atualização em 15 de abril de 2025 às 13h50.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China terá impacto desigual entre os estados brasileiros, segundo estudo publicado por economistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O modelo mostra que estados do Centro-Oeste, Paraná e Rio Grande do Sul terão ganhos com a disputa entre Donald Trump e Xi Jinping, enquanto estados do Sudeste terão as maiores perdas.
Em São Paulo, o impacto corresponde a uma perda de cerca de R$ 4 bilhões, 0,14% do PIB paulista, e em Minas Gerais, de R$ 1,16 bilhão, 0,15% da economia mineira.
Os ganhos no Centro-Oeste, estimados em quase R$ 7 bilhões, praticamente equivalem às perdas projetadas nos estados do Sudeste. Mato Grosso teria um ganho de R$ 5,3 bilhões.
O resultado positivo de estados pode ser explicado pelos impactos diferenciados nos setores da economia, principalmente de sementes oleaginosas (soja) e outros itens ligados ao agronegócio. No caso dos estados que podem sofrer impacto negativo, o efeito da produção industrial e da entrada de mais importações — como um incremento no fluxo de produtos chineses em busca de novos mercados — é o principal fator para explicar queda.
O incremento de importações será um fenômeno mais generalizado, segundo o estudo, por envolver produtos agrícolas e industriais, uma vez que as medidas tarifárias devem afetar de forma relevante os preços internacionais.
Os especialistas realizaram três simulações. Em uma delas, consideraram as medidas anunciadas entre os dias 7 e 11 deste mês: aumento das tarifas dos EUA sobre importações da China para 145% e para 10% sobre outros países; elevação para 25% das tarifas sobre automóveis e aço; e aumento das tarifas da China sobre os EUA para 125%.
Nesse cenário, a conclusão é que o Brasil pode perder US$ 1,970 bilhão em exportações. O impacto no PIB brasileiro será de apenas 0,01%, caso as tarifas sejam mantidas.
Os dados mostram que o impacto global da guerra tarifária representa uma queda de 0,25% no PIB mundial, equivalente a uma perda de US$ 205 bilhões. Além da perda de atividade, o comércio mundial também seria prejudicado, com redução de 2,38%, o que equivale a perdas na ordem de US$ 500 bilhões.
Nos Estados Unidos, o PIB pode sofrer uma redução de 0,7%. Por outro lado, a China enfrentaria uma diminuição de 0,6% na sua economia.