Economia

MP com substituto do Funrural sairá próxima semana, diz deputado

O presidente da FPA explicou que a ideia é que o contribuinte que já arcou com o Funrural nos últimos anos passe a ter como obrigação o novo imposto

Funrural: aqueles que não pagaram o tributo, em geral protegidos por liminares, arcarão com alíquota maior provisória (Andre Vieira/Getty Images)

Funrural: aqueles que não pagaram o tributo, em geral protegidos por liminares, arcarão com alíquota maior provisória (Andre Vieira/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 11 de maio de 2017 às 20h52.

Brasília - O governo editará na semana que vem Medida Provisória com novo imposto que substituirá o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), com alíquota menor que a atualmente vigente, disse o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), nesta quinta-feira.

Após participar de reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para tratar do assunto, Leitão explicou que a ideia é que o contribuinte que já arcou com o Funrural nos últimos anos passe a ter como obrigação o novo imposto.

Aqueles que não pagaram o tributo, em geral protegidos por liminares, arcarão com alíquota maior provisória.

A questão sobre as dívidas decorrentes do não pagamento do Funrural, após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir recentemente pela constitucionalidade do tributo, é uma das preocupações do setor agropecuário, especialmente de agricultores que se prepararam a próxima safra. Eles poderiam investir menos, dependendo de como tudo for definido.

"Não será parcelamento (para quem não pagou), vai ser caso a caso a dívida. Então será um percentual futuro de pagamento a mais pela quantidade de anos até cobrir o passado", explicou Leitão, estimando a dívida pelo não pagamento do Funrural entre 8 e 10 bilhões de reais.

"Quem pagou talvez vai ter aí uma alíquota de um imposto novo, muito mais abaixo (da atual). E quem não pagou vai pagar um pouco mais até quitar a sua dívida."

Segundo o deputado, os percentuais para os dois casos ainda não foram definidos, sendo que uma nova reunião será realizada na segunda-feira, no Palácio do Planalto, para tanto.

A FPA entrou na mesa de negociações propondo uma alíquota de 1 por cento para o imposto novo e que a alíquota para os devedores não fosse superior à atual, de 2,3 por cento, acrescentou ele.

Falando sobre condições especiais para o pagamento de passivos, Leitão lembrou que a legislação permite que haja abatimento de até 100 por cento dos juros, mas não da multa, que pode sofrer desconto máximo de 25 por cento.

O deputado lembrou ainda que o modelo que está sendo avaliado segue sendo o do pagamento do imposto sobre a receita.

O Funrural incide sobre a receitada comercialização da produção dos empregadores rurais e tem como objetivo reforçar o custeio da aposentadoria rural.

Como o STF ainda não publicou o acórdão da decisão, ainda não está pacificado o entendimento de que essa cobrança será retroativa --investida que ajudará o governo a elevar receitas num momento em que ainda sofre com a debilidade da arrecadação, na esteira da forte recessão econômica dos últimos dois anos.

"Enquanto não publicar a ata do STF, não tem como ter cobrança do Funrural. A Receita pode até comunicar que poderá ocorrer, mas de fato ainda não tem como ter a cobrança", defendeu Leitão.

Ao sair da reunião antes do término nesta quinta-feira, a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou a jornalistas que estava sendo discutida uma alíquota de 2,3 por cento para os que não pagaram o Funrural e de 1,5 ou 1,6 por cento para os que já haviam quitado suas obrigações.

Acompanhe tudo sobre:CongressoGovernoImpostos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto