General Mourão adotou tom mais pragmático com o maior parceiro comercial do Brasil (Adriano Machado/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 20h01.
Brasil e China dependem muito um do outro para colocar em risco a relação com mudanças abruptas, afirmou o vice-presidente da maior economia latino-americana.
“A China tem uma fome por commodities e commodities é o nosso grande carro-chefe de produção e exportação, então é algo que não pode ser abandonado e cortado da noite para o dia", disse o vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista de seu gabinete em Brasília, na noite de quinta-feira.
“Essa relação nossa com a China tem de se dar em termos de países adultos, que compreendem a importância de cada um, a relevância de cada um, sem uma relação de subordinação, obviamente.”
Durante a campanha, o presidente Jair Bolsonaro afirmou repetidas vezes que a China estava tentando “comprar o Brasil” e reafirmou o interesse de dar um novo direcionamento à política externa para um alinhamento maior com os Estados Unidos, atualmente no meio de disputas comerciais com os chineses.
De forma mais pragmática, Mourão disse que os países devem buscar o benefício mútuo tratando as conversas “em pé de igualdade, no olho no olho”.
O vice-presidente ainda tirou um pouco o peso de outra promessa de campanha, de abrir mais a economia do país. Segundo Mourão, apesar da vontade de medidas nesse sentido, é necessário antes fazer uma reforma tributária.
“Se nós não reorganizarmos a questão dos tributos, principalmente a nossa indústria não suporta um choque de competitividade”, disse Mourão. “Como é que você vai competir, a gente com uma carga de 35% de imposto nas costas contra países que têm 22%, 20%, 19%?”