Economia

Moradores de favelas do Rio movimentam R$ 12,3 bi por ano

Presidente do Instituto Data Popular destacou que se as favelas da capital fluminense formassem uma cidade, esta seria a sétima maior do país

Moradores da Favela do Metrô-Mangueira, localizada a menos de um quilômetro do Maracanã (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Moradores da Favela do Metrô-Mangueira, localizada a menos de um quilômetro do Maracanã (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 13h09.

Rio de Janeiro - Pesquisa inédita do Instituto Data Favela revela que os 2 milhões de pessoas que moram em comunidades no Rio de Janeiro movimentam R$ 12,3 bilhões por ano - equivalente a 19% da renda de todos os moradores de favelas do país. O Brasil soma 12 milhões morando em favelas, que movimentam anualmente R$ 64,5 bilhões.

O presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, fundador do Data Favela, destacou em entrevista à Agência Brasil, que se as favelas da capital fluminense formassem uma cidade, esta seria a sétima maior do país, mais populosa que municípios como Manaus, Porto Alegre, Curitiba e Recife.

O Rio de Janeiro concentra 17% dos moradores de favelas do Brasil, indica a pesquisa. “A gente sabe que o Rio de Janeiro é o único estado da Região Sudeste em que mais de 10% da população moram em favelas”.

Há também um aspecto interessante, observou, que é o fato de as favelas da zona sul contribuírem bastante para a renda média dos moradores. Renato Meirelles disse que, em geral, há muito dinheiro que entra nas comunidades da zona sul do Rio e que não entra nas favelas da zona oeste, por exemplo, em função da maior atividade do turismo na região.

O estudo mostra que 29% dos habitantes de favelas do Rio são oriundos de outros estados, enquanto em São Paulo, esse número sobe para 52%. “A favela é um território da miscigenação, de forma clara, e isso acontece em São Paulo e no Rio”.

A pesquisa nacional aponta a existência de mais solidariedade nas favelas do Rio de Janeiro do que fora delas. Segundo explicou Renato Meirelles, há um ecossistema econômico nas comunidades que é oriundo de um passado de restrição, mas que faz com que as pessoas se ajudem muito mais dentro das favelas. “E isso, no Rio, é ainda mais forte”.

Apesar do otimismo observado pelos pesquisadores com a amostra de 1.003 moradores de 12 comunidades cariocas entrevistados, dos quais 80% afirmaram que sua vida melhorou no último ano e 85% avaliaram que a comunidade onde moram também melhorou no último ano, Meirelles salientou que não se pode confundir a melhora de vida nas favelas e o aumento da renda, como o fim dos problemas dessas comunidades: “A gente ainda tem uma ausência enorme de serviços públicos dentro das favelas brasileiras. E no Rio, não é diferente”.

Destacou também que quando se fala em favelas no Rio de Janeiro, há uma associação quase imediata com os morros quando, na verdade, esse tipo de favela só é comum na zona sul do Rio. “Menos de 1% das favelas nacionais estão em morros. Esse é um dado que as pessoas não atentam. As favelas da zona oeste do Rio não são em morros”. Explicou que pela relevância que a cidade do Rio de Janeiro tem e a zona sul, em particular, como cartão postal do Brasil, essa característica ganhou importância. Mas o morro está longe de representar a geografia das favelas do país, assegurou.

Nas comunidades do Rio de Janeiro, a média de idade dos moradores é 36 anos, contra 29 anos na média nacional, com predominância de mulheres (51%), contra 49% de homens. Isso mostra, disse o presidente do Instituto Data Popular, que as favelas do Rio de Janeiro são mais velhas do que no restante do Brasil. “O que a gente tem no Rio é uma favela estabelecida junto com a cidade há mais tempo”, apontou.

A pesquisa revelou, ainda, que indagados se gostariam de sair da comunidade para morar em outro bairro, 78% dos habitantes das favelas cariocas disseram não, contra apenas 21% que têm essa vontade.

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