Agência de classificação de risco prevê crescimento de 3,5% em 2013 para o país (©AFP / vanderlei almeida)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 18h02.
Nova York - A agência de classificação de risco Moody's não prevê mudanças para o rating de crédito do Brasil em 2013. O cenário mais provável é que a nota continue em grau de investimento ("Baa2"), com perspectiva positiva, disse o vice-presidente da Moody's e analista sênior para a América Latina, Mauro Leos, à Agência Estado nesta quarta-feira.
O comitê da Moody's deve se reunir em outubro ou novembro do próximo ano para avaliar mudanças no rating brasileiro. Leos acha pouco provável alguma mudança e diz que talvez essa reunião fique para o começo de 2014. Para ele, o próprio crescimento baixo do Brasil é um limitador para uma elevação da nota.
A Moody's prevê que o Brasil vai se recuperar um pouco e crescer em torno de 3,5% em 2013. Leos avalia que o número ainda é modesto e disse ser difícil prever quando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro volta para a casa dos 4%.
Outro ponto que pesa contra um aumento do rating são os investimentos, também baixos quando comparados com países de classificação de risco semelhante. O Brasil tem uma taxa de cerca de 18% do PIB, ante 25% de mercados com o mesmo rating. A carga de juros correspondente a cerca de 15% das receitas, ante média bem menor de outros países (7%).
Em novembro, uma reunião dos analistas da Moody's reafirmou a perspectiva positiva do rating brasileiro. Leos diz que com isso, a nota pode ser elevada em um prazo de 12 a 18 meses a contar do mês passado. Mas o executivo da Moody's diz que é mais provável que mudanças ocorram apenas no início de 2014.
Se por um lado o Brasil não vai ter elevação da classificação de risco, por outro não corre, por enquanto, o risco de ter a nota rebaixada, como vem ocorrendo com grandes países da Europa.
O que mais assusta o mercado externo sobre o Brasil no momento, diz Leos, é a falta de previsão política. "Isso introduz um elemento de incerteza", disse ele. Como exemplo, Leos cita as mudanças com o IOF. "Uma hora tem IOF, depois o governo tira o imposto, depois volta, depois é retirado parcialmente. Ninguém entende", ressaltou.
Leos participou nesta quarta-feira de um disputado seminário em Nova York para discutir as particularidades e diferenças de Brasil e México, em um evento organizado pelas câmaras de comércio dos dois países. Os convites se esgotaram e muita gente ficou de pé.