Economia

Montadoras do país se aproximam de 1ª queda em uma década

O setor tem no acumulado até novembro queda de 0,8% nos licenciamentos e torce para que as vendas de dezembro ajude a evitar um ano negativo


	Veículos: a Anfavea esperava anteriormente crescimento de até 4,5 por cento nas vendas este ano
 (REUTERS/Fabian Bimmer)

Veículos: a Anfavea esperava anteriormente crescimento de até 4,5 por cento nas vendas este ano (REUTERS/Fabian Bimmer)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2013 às 16h55.

São Paulo - A indústria de veículos do Brasil pode ver queda de vendas pela primeira vez em 10 anos em 2013 e se prepara para um 2014 com alta de custos, redução de estímulos do governo, bancos pouco interessados em ampliar crédito, além de concorrência maior entre montadoras no país.

O setor, que reduziu em setembro a expectativas de vendas em 2013 para crescimento de 1 a 2 por cento, tem no acumulado até novembro queda de 0,8 por cento nos licenciamentos e torce para que um possível pico de vendas em dezembro ajude a evitar um ano negativo.

A Anfavea esperava anteriormente crescimento de até 4,5 por cento nas vendas este ano, o que marcaria o sétimo recorde anual consecutivo.

"O crédito continua muito difícil, bastante seletivo em veículos leves, apesar da inadimplência estar caindo", afirmou Luiz Moan, presidente da associação de montadoras, Anfavea, nesta quinta-feira.

"Acredito que pode haver um empate técnico (sobre as vendas de 2012). Empate num volume extremamente favorável que nos mantém como quarto maior mercado do mundo", acrescentou Moan.

Diante das vendas abaixo do esperado, a produção segue desacelerando desde agosto e grande parte das montadoras deve conceder férias coletivas a partir do dia 20.

O movimento contraria o ocorrido em 2012, quando o setor estava aquecido pela correria de consumidores que buscavam aproveitar desconto maior do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), elevado em parte no início deste ano.


Até novembro, a produção acumula alta de 11,8 por cento, praticamente em linha com a expectativa da Anfavea de alta de 11,9 por cento. Parte do crescimento ocorreu por substituição de importações e maiores exportações, após medidas do governo para incentivar a produção nacional e desvalorização do real.

BOM, NÃO EXCELENTE Segundo Moan, o mercado em 2014 será "bom, mas não excelente (...) Por ser ano de Copa do Mundo, haverá alguns estímulos naturais à aquisição de veículos como ônibus urbanos e caminhões para melhorias de transporte urbano, além de taxis e carros por locadoras", disse ele.

Já os estímulos artificiais devem ser reduzidos. A Anfavea reafirmou que o governo garantiu que elevará a alíquota do IPI no começo do próximo ano e prevê que o BNDES aumentará os juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que facilita a compra de bens de capital como caminhões.

Além disso, passará a ser obrigatória a inclusão de freios ABS e airbags em 100 por cento dos veículos produzidos ante 60 por cento neste ano. Deve pesar ainda do setor alta os preços do aço vendido pelas siderúrgicas nacionais.

A competição por mercado também deve crescer com a abertura de fábricas de montadoras como Nissan e Chery.

Porém, Moan evitou confirmar projeção informada por ele em outubro de crescimento de 5 por cento na produção no próximo ano, preferindo informar as previsões da Anfavea em janeiro.

Por ora, a expectativa do setor é de alta nas vendas de dezembro sobre novembro e redução na produção, diante de um volume de estoque de 417 mil veículos. Parte dessas vendas foram feitas em feirões promovidos pelas montadoras nos últimos dias de novembro e que não tiveram tempo de serem incorporadas nos números oficiais de licenciamentos do mês passado.


NOVEMBRO No mês passado, a produção brasileira de veículos caiu 8 por cento ante mesma etapa de 2012 e 10,7 por cento sobre outubro, a 289,6 mil unidades. Já as vendas recuaram 2,8 por cento no ano a ano e 8,3 por cento na mensal, para 302,9 mil veículos.

Por segmentos, as vendas de carros e comerciais leves somaram 288,5 mil unidades, queda anual de 2,9 por cento. Já as vendas de caminhões, caíram 7,7 por cento na mesma comparação, a 11,6 mil unidades, afetadas por indefinição do governo sobre os juros que vai aplicar ao PSI no próximo ano.

A Fiat registrou vendas de 59.718 mil automóveis e comerciais leves em novembro, após licenciamentos de 61.569 em outubro. A alemã Volkswagen tomou da General Motors para o segundo lugar, com vendas de 53.089 unidades em novembro após 56.979 em outubro.

A GM vendeu 51.440 unidades, ante 60.868 no mês anterior. A companhia foi seguida pela Ford, que teve vendas de 26.581 unidades, ante 29.425 no mês anterior. Renault viu licenciamentos de 20.758, ante 21.645 unidades em outubro.

Em caminhões, o mercado foi liderado por Mercedes-Benz, com vendas de 3.125 unidades em novembro. A empresa foi seguida pela MAN, do grupo Volkswagen, com vendas de 2.900 unidades, e Scania, com 1.680 unidades.

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