Economia

Montadoras de veículos esperam março melhor que 1º bimestre

Cledorvino Belini, da Anfavea, espera que os licenciamentos cresçam com o aumento da demanda e o fato de março ter mais dias que fevereiro


	O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini: "Se os juros subirem, é lógico que prejudica, mas se a inflação subir, prejudica mais ainda"
 (Germano Lüders/EXAME)

O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini: "Se os juros subirem, é lógico que prejudica, mas se a inflação subir, prejudica mais ainda" (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 18h13.

São Paulo - As montadoras de veículos do Brasil estimam aceleração nas vendas neste mês, após um fevereiro em que os licenciamentos recuaram nas comparações mensal e anual, em meio à redução no desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A expectativa da entidade que representa o setor, Anfavea, é de que a média de vendas por dia útil de março seja melhor que a média do primeiro bimestre, que apurou recorde de licenciamentos para o período.

"A expectativa é que a média (de vendas) de março seja melhor que a média do primeiro bimestre", disse o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, a jornalistas.

A média de vendas do primeiro bimestre por dia útil foi de 13.664 veículos, crescimento de 8,2 por cento sobre o mesmo período do ano passado, apesar de janeiro e fevereiro de 2013 contarem com um dia a menos que em 2012.

Segundo Belini, além de março ter mais dias que fevereiro, deve haver aumento de demanda de consumidores, antes que o IPI seja novamente elevado em abril. Em janeiro, o tributo subiu em 2 pontos percentuais.

O governo decidiu no final de 2012 retornar o IPI ao seu patamar normal depois de sete meses em que o imposto foi reduzido para incentivar o setor responsável por cerca de 23 por cento do PIB industrial do país.

O aumento do tributo a partir deste ano será gradual. Em abril, mais dois pontos percentuais serão devolvidos ao IPI, que passará a ser de 4 por cento no caso dos veículos 1.0. A retirada do desconto vai até final de junho, quando o IPI de modelos populares retornará ao patamar de 7 por cento.


JUROS

Belini afirmou que o aumento do imposto impacta o setor, mas ponderou que "se a economia como um todo estiver girando, ela poderá absorver esse aumento". Na avaliação do executivo, também presidente do grupo Fiat para a América Latina, o momento é de otimismo cauteloso, diante do aumento do IPI, pressão inflacionária e possível aumento de juros pelo governo.

"Se os juros subirem, é lógico que prejudica, mas se a inflação subir, prejudica mais ainda", afirmou Belini. "O PIB do quarto trimestre indicou tendência de crescimento para este ano (...) O que é importante é que a inadimplência está caindo e há disponibilidade de credito." No ano passado, o forte aumento nos índices de inadimplência e a baixa atividade da economia fizeram bancos restringirem oferta de crédito para financiamentos de veículos, derrubando as vendas e obrigando o governo a conceder incentivos ao setor além do corte no IPI.

Segundo a Anfavea, o estoque de veículos do setor terminou fevereiro em 310,3 mil veículos, nível que considerou normal.

Belini afirmou que o número inclui o volume de 243,9 mil veículos em concessionárias e que isso é suficiente para apenas 18 dias de licenciamentos com base na média de emplacamentos do primeiro bimestre, o pode sinalizar aumento de produção nos próximos meses.

Belini afirmou que ainda é cedo para especular sobre o movimento de vendas a partir de julho, quando IPI voltará ao seu patamar normal, mas admitiu que pode haver redução nos emplacamentos diante de uma base de comparação anual mais forte. Agosto de 2012 bateu recorde histórico, com vendas de 420 mil veículos.

Por enquanto, a Anfavea manteve suas projeções para 2013: crescimento de 3,5 a 4,5 por cento nas vendas no mercado interno, para entre 3,93 e 3,97 milhões de unidades, e produção 4,5 por cento maior, a 3,49 milhões de veículos.


CAMINHÃO DISPARA

Em meio ao período menor de vendas e alta do IPI, as vendas de veículos em fevereiro caíram 24,5 por cento ante janeiro e 5,8 por cento na comparação anual, a 235,1 mil unidades. Enquanto isso, a produção recuou 18 por cento, para 229,3 mil veículos, na comparação mensal e cresceu 5,2 por cento frente fevereiro de 2012.

Destaque do primeiro bimestre, a produção de caminhões disparou quase 73 por cento frente o mesmo período de 2012, para 13,9 mil unidades, impulsionada pela fraca base de comparação, segundo Belini. Já as vendas registraram queda de 7,8 por cento, para 9.967 unidades.

"Caminhão ainda não está ideal, mas deu um sinal claro de melhora", disse Belini. Em 2012, as vendas despencaram 20 por cento enquanto a produção tombou quase 40 por cento, pressionada pela forte antecipação de compras de 2011, antes da entrada em vigor de legislação de emissão de poluentes Euro 5, que exigiu motores mais limpos, mas mais caros.

HYUNDAI AVANÇA

Em um mês marcado pelo avanço da marca sul-coreana Hyundai sobre a francesa Renault, no ranking de fabricantes de automóveis e comerciais leves, a Fiat seguiu na liderança. A montadora italiana teve vendas de 49.498 unidades ante 55.426 em fevereiro de 2012.


A Volkswagen veio em seguida, com emplacamentos de 44.179 veículos após 50.567 um ano antes. General Motors apurou licenciamentos de 39.138 unidades ante 38.740 em fevereiro do ano passado. Ford manteve a quarta posição, com vendas de 19.724 unidades após 22.462 um ano atrás.

A Renault, enquanto isso, caiu da quinta para a sexta posição após ser superada pelas vendas de veículos Hyundai, que inaugurou uma fábrica de veículos compactos no país em novembro. A montadora francesa, que parou sua fábrica entre o final de 2012 e início deste ano para ampliar a capacidade, registrou vendas de 11.161 veículos no mês passado ante 16.130 em fevereiro de 2012. Já a Hyundai apurou emplacamentos de 14.616 veículos.

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