Porto Príncipe, no Haiti: país ainda se recupera do devastador terremoto que em 2010 causou muitas mortes e destruição nas ruas da capital (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2013 às 06h45.
Porto Príncipe - Desenhistas, costureiros e estilistas do Haiti querem impulsionar a indústria têxtil e a moda para devolver a esperança a este país, que é o mais pobre da América, e ainda se recupera do devastador terremoto que em 2010 causou muitas mortes e destruição nas ruas da capital Porto Príncipe.
A segunda edição do Haiti Fashion Week, que começou nesta quinta-feira e se estende até sábado, está sendo realizada no subúrbio de Pétionville.
O tema do evento é "Modifiquemos o meio ambiente", já que o país sofre com graves problemas de desmatamento, o que aumentou sua vulnerabilidade a riscos e desastres naturais que deixaram incalculáveis perdas humanas e econômicas ao longo dos anos.
A Haiti Fashion Week é uma atividade voltada para a promoção e produção de roupas, rentáveis e sustentáveis. O objetivo é tornar o mercado têxtil local atraente para a população, já que o setor está em busca de autossuficiência para poder se desenvolver no país, segundo o estilista Luck Mervil, que apoia seus compatriotas na realização do evento.
Outro propósito é que o evento funcione como uma vitrine das criações haitianas para o mercado estrangeiro, de acordo com seus responsáveis.
Neste ano a Fashion Week haitiana contará com 40 estilistas nacionais e estrangeiros, e com o mesmo número de modelos, assim como cabeleireiros e maquiadores, clientes locais e internacionais e expositores, de acordo com dados divulgados pelo coordenador, Michel Chataigne.
Nos próximos dois dias, os profissionais e estudantes estão convidados a participar de foros sobre diversos temas como mercado de moda, modelagem, perspectivas de apoio, estratégias do setor na região caribenha, produção, formação, desenvolvimento da indústria têxtil e moda haitiana.
Chataigne informou também que a Haiti Fashion Week contará com a presença de organizadores como a representante dos estilistas haitianos, Maelle David, o representante da União Europeia (UE) no país, Brigandi Raphael, e a funcionária do Ministério de Cultura Inmacula Richard.
O evento é uma tentativa de conseguir promover uma mudança na história industrial do Haiti no setor têxtil, combinando costura e moda para alcançar uma dimensão empresarial.
Os estilistas locais querem desenvolver seu próprio estilo, sem excesso, buscar a melhor relação qualidade-preço, trabalhar sua imagem e seu nome, encontrar a sua clientela e assim manter suas marcas.
O primeiro passo para que isso se torne realidade é a Haiti Fashion Week, que tenta devolver o colorido vibrante de Porto Príncipe, destruída em janeiro de 2010 por um terremoto que matou mais de 300 mil pessoas.
A ligação com o mundo da moda local teve início em 2008, quando Maguy Durce, ex-ministra de Comércio e Indústria do país, criou com a ajuda de Mireille Lhérisson, o programa intitulado "Fortalecimento do setor da moda haitiana", que inclui cinco projetos, entre eles o "Moda Haiti" (Modayiti).
No contexto da aplicação deste programa, Maguy concedeu o direito de exploração do Modayiti ao Centro Haitiano para o Apoio e Promoção das Empresas (CHAPE), uma instituição sem fins lucrativos, que ela mesma fundou em 2007.
Em 2011, após dois anos de pesquisa nos setores privados, públicos e organismos internacionais, o Fundo Clinton-Bush para o Haiti (FCBH), se comprometeu a financiar a associação CHAPE e a Rede de Designers Haitianos (HANDS, em inglês).
Um ano depois, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (Fed), através do programa de Apoio ao Reforço da Cultura e da Arte para o Desenvolvimento Econômico e Social (Arcades), financiou a primeira edição da Haiti Fashion Week em 2012, e manteve o auxílio este ano, o que representa uma esperança para o recente mundo da moda haitiano.