Gallardón também apresentou perante seus colegas ibero-americanos o 'estatuto da vítima', um projeto de lei que o governo espanhol vai apresentar nesta legislatura (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 21h20.
Rio de Janeiro - O ministro de Justiça espanhol, Alberto Ruiz-Gallardón, defendeu nesta sexta-feira perante seus colegas ibero-americanos a aplicação de taxas para os recursos judiciais, como um meio para melhorar a eficiência econômica do sistema processual.
Gallardón, que participou no Rio de Janeiro de uma reunião da Comissão Delegada da Conferência de Ministros de Justiça Ibero-Americanos (COMJIB), assegurou que esta medida, longe de limitar o acesso dos pobres à Justiça, vai contribuir para garanti-lo.
'Cobrar taxas para os recursos não afetará os que tenham direito a uma assistência jurídica gratuita e o arrecadado será destinado a financiar a assistência jurídica gratuita, com o qual garantiremos a eficiência de recursos', disse Gallardón à Agência Efe depois da reunião de ministros.
A obrigação de assumir os custos do processo a partir da segunda instância é uma medida incluída no plano de reforma do sistema judiciário recentemente anunciado pelo Executivo de Mariano Rajoy, que pretende contribuir para diminuir o número de recursos e agilizar o sistema processual.
O ministro espanhol explicou que na reunião da COMJIB se incidiu na necessidade de garantir a assistência letrada gratuita 'para todas aquelas pessoas que não tenham capacidade para recorrer'.
'Hoje o que fizemos é avançar de uma forma muito importante em um dos princípios básicos que deveriam ser impostos, que é a universalização do acesso à Justiça, garantir que os cidadãos à margem de sua condição, suas possibilidades econômicas, seu credo, sua origem, seu sexo ou sua situação possam ter acesso à cultura judicial efetiva', asseverou.
Gallardón também apresentou perante seus colegas ibero-americanos o 'estatuto da vítima', um projeto de lei que o governo espanhol vai apresentar nesta legislatura.
Esse estatuto vai tentar fazer com que os processos judiciais deixem de se concentrar sobre o acusado para 'superar a concepção de que a vítima se satisfaz unicamente com a sentença', segundo palavras do titular de Justiça.
'Nós pensamos que a vítima deve continuar presente, que o Estado deve buscar os mecanismos para reparar o dano causado, para satisfazer as indenizações quando estas procedam e para que a vítima seja ouvida em qualquer modificação da situação penitenciária do autor do crime', explicou o ministro.
A COMJIB, organização que reúne os ministérios de Justiça de 21 países ibero-americanos, realiza reuniões plenárias a cada dois anos e tem como objetivo a definição de políticas conjuntas na área da Justiça.