Economia

Ministro alerta para desabastecimento de combustíveis e defende Petrobras

Chefe das Minas e Energia, Bento Albuquerque também afirmou que governo avalia ‘colchão tributário’ e ‘reserva estabilizadora

Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque
13/07/2021 (Adriano Machado/Reuters)

Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque 13/07/2021 (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 9 de novembro de 2021 às 13h55.

Última atualização em 9 de novembro de 2021 às 13h59.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, alertou nesta terça-feira para o risco de desabastecimento de combustíveis, ao defender a política de preços da Petrobras, que prevê paridade com os valores do barril de petróleo no mercado internacional e o dólar.

— Temos de ter preocupação grande com desabastecimento. Porque a importação leva no mínimo 90 dias. Temos uma parcela do mercado, cerca de 20%, que não é da Petrobras. Mudar qualquer coisa, tem que ser com critério, transparência e governança. Todos estamos trabalhando nisso para que a gente possa dar uma resposta à sociedade, e tenho certeza que vai ocorrer — disse o ministro, em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado.

Albuquerque falava sobre o período em que a estatal segurou o preço da gasolina, do diesel, e do gás de cozinha, o que ocorreu principalmente durante o governo Dilma Rousseff. Para o ministro, a lei não pemite situações como essa.

— A política de controle de preços levou a Petrobras a pagar multas bilionárias e a ser a empresa de petróleo e gás mais endividada do mundo — disse.

Em entrevista ao GLOBO, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, também citou recentemente a possibilidade de desabastecimento de combustíveis causado por uma eventual mudança na política de preços da estatal.

Albuquerque revelou que o governo avalia criar o que chamou de “colchão tributário” e também uma “reserva estabilizadora” para conter a volatilidade do preço dos combustíveis. Ele também afirmou que está em avaliação reduzir impostos federais, mas ressaltando que para isso é preciso uma compensação.

— O colchão tributário é uma medida que possa permitir que, ao longo do tempo, que essas variações dos preços do petróleo e também dos combustíveis possa ser compensada de alguma forma. E uma reserva estabilizadora de preço, que seria de capital, que seria aplicada quando houvesse uma volatilidade muito grande — disse o ministro.

Albuquerque não disse qual a previsão das medidas serem anunciadas oficialmente, nem o eventual impacto das ações.

Os preços da gasolina, do diesel e do gás de botijão voltaram a subir na última semana, de acordo com o levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O litro da gasolina já é vendido por até R$ 7,99 no país.

Segundo a ANP, o preço do litro médio da gasolina passou de R$ 6,562 há duas semanas para R$ 6,710 na última semana. É uma alta de 2,25%, sendo a quinta semana seguida de aumento nos preços. No ano, o valor da gasolina acumula avanço de 49,6%.

O ministro culpou a alta do petróleo no mercado internacional e também a disparada do dólar como justificativa para o aumento dos preços no Brasil.

— Por que houve aumento nesses valores? Principalmente pela alta do petróleo, que só em 2021, (subiu) 60%. E com tendência agora, com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, do preço do petróleo subir um pouco mais — afirmou.

Albuquerque disse também há uma crise de oferta e demanda de petróleo no mercado internacional que explica o aumento.

— O preço do barril do petróleo em abril de 2020 chegou a 17 dólares. Aí veio o aumento da demanda e o valor subiram para 83 dólares — afirmou.

O ministro também culpou a desvalorização do real frente ao dólar:

— O nosso câmbio (dólar) saiu, em janeiro de 2020, de R$ 4 e hoje está na ordem de R$ 5,55. Isso tudo leva a esse aumento no preço dos combustíveis.

A política de preços da Petrobras, principal fornecedora do produto no Brasil, prevê repasses automáticos aos preços das variações do petróleo e do dólar. O ministro citou a Lei do Petróleo, a Lei das Sociedades por Ações e a Lei das Estatais para dizer que não é possível interferir na Petrobras e defender as medidas da estatal.

— Não pode haver interferência na Petrobras, não há e nunca houve — afirmou, acrescentando:

— A lei das estatais diz que as ações do órgão de controle não podem implicar interferência na gestão de empresas públicas. O estatuto da Petrobras diz que, quando orientada pela União a contribuir para o interesse público,a companhia somente assumirá obrigações ou responsabilidade que respeitem as condições de mercado e que a União compensará a companhia pela diferença entre as condições de mercado e a obrigação assumida.

O ministro citou ainda que o Brasil importa cerca de 30% do consumo de GLP (gás de cozinha), 25% do diesel e 6% a 8% da gasolina.

— Só lembrando que somos o quarto maior consumidor de combustíveis automotivos do mundo.

Medidas tributárias

O ministro de Minas e Energia também citou que existe a "questão tributária" como causa da alta dos preços, com os governos estaduais cobrando ICMS por fora do preço do litro, sistema chamado "ad valorem".

A Câmara dos Deputados aprovou em outubro um projeto que muda esse cálculo da tributação dos combustíveis para tentar baixar o preço cobrado ao consumidor final. Para ter validade, o texto ainda precisa passar pelo Senado.

Ele lembrou, também, a decisão do governo e estados de congelar por 90 dias do chamado "preço médio ponderado ao consumidor final" para aliviar os repasses das altas aos consumidores. É sobre esse preço médio que incide o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual cobrado nas vendas de combustíveis.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisEtanolGasolinaMinistério de Minas e EnergiaPetrobras

Mais de Economia

Com inflação de alimentos em alta, Rui Costa diz que governo vai fazer ‘conjunto de intervenções’

Mesmo com alíquota de IVA reduzida, advogado pode pagar imposto maior após reforma; veja simulações

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel